sábado, 10 de julho de 2010

Capítulo extra - A comida da tia Angélica!

Cristian:



Eu fiquei observando enquanto o Josh fechava a porta se despedindo da Eloá, a última pessoa a ir embora depois da reunião do grupo.

- Eu acho que a Eloá gosta de você cara. – falei sentando no sofá.

- Eu sei. – ele suspirou. – mas não gosto de garotas grudentas.

Eu ri.

- Aham, eu sei qual o seu tipo de garota. – disse.

- E que tipo de garota eu gosto? – Josh perguntou levantando a sobrancelha.

- Ah, sei lá! – comecei. – Uma garota legal, que estuda em certa escola igual a sua e que trabalha em uma certa loja de CDs...

Ele revirou os olhos e ia dizer algo quando a Angélica entrou na sala.

- Desculpem interromper, mas é pra avisar que o jantar vai demorar um pouco.

- Tudo bem Angel. – Josh falou – Já avisou à minha mãe?

- Sim senhor, já avisei!

- Ok então!

A Angélica sacudiu afirmativamente a cabeça e saiu da sala.

- E agora, já que o jantar vai demorar... sei lá! Nessa casa tão grande não tem uma sala de jogos? – perguntei na brincadeira.

- Tem sim! Fica lá em cima, quer ir jogar? – ele disse inocentemente.

- Cara, - falei – eu estava brincando!

O Josh riu.

- Eu sei. Mas antes eu tenho que passar no meu quarto pra pegar a chave da sala.

- Como sim? A sala fica trancada? – perguntei.

- Claro que sim! – o Josh exclamou - Da última vez que eu deixei a sala destrancada, a minha mãe inventou de jogar no meu Nintendo Wii e quebrou o controle! Proibi todo mundo de entrar naquela sala.

Surpreendentemente, só precisamos subir um lance de escadas para chegar ao quarto do Josh.

- Pode entrar. – ele falou entrando no quarto.

O quarto dele era claro e não muito grande. Pelo menos era menor do que o meu. A janela ocupava quase o espaço inteiro da parede do lado direito, a cama dele era de solteiro e estava de frente para a janela. Ao lado esquerdo da porta estava um grande guarda roupa e havia um pequeno sofá encostado em um canto.

O Josh foi procurar a chave na gaveta do criado-mudo e, enquanto isso, observei na parede alguns quadros. Em um deles havia a foto de dois meninos, um parecia com o Josh, o outro tinha o cabelo bem preto e olhos que pareciam ser azuis, eu não o conhecia.

- Ei Josh. – falei – Quem é esse garoto?

- Ah, - ele falou sem graça – É o meu irmão...

- Irmão? – perguntei dessa vez surpreso – Eu não sabia que você tinha um irmão!

- É uma longa história... – ele começou.

Então, ele me contou tudo em resumo enquanto subíamos mais escadas indo para a sala de jogos. A história de um tal de Esmond, que não era irmão de verdade dele - mas era como se fosse -, que tinha ido embora a três anos atrás deixando apenas uma carta e um livro.

- Caramba. – falei – Sinistro!

- Pois é! – ele disse.

Entramos em um corredor que só tinha uma porta. Ela era diferente das outras, era maior tanto na largura quanto na altura e tinha a cor preta. Ele abriu a porta com a chave e nós entramos, parecia que eu estava em um sonho.

Logo na entrada dava para ver uma grande TV de tela plana, uma estante com um Nintendo Wii e um Playstation 4 e um sofá na frente da grande TV. No lado direito havia uma grande mesa de totó, de sinuca e um tênis de mesa, no lado esquerdo três máquinas de jogos e um simulador de Fórmula 1.

Respirei fundo e disse na brincadeira.

- Ah, eu ficaria mais impressionado se tivesse uma montanha russa.

- Nos fundos da casa tem uma. – ele disse.

- O quê?! - exclamei.

- Calma, - ele riu – é brincadeira. Montanha Russa é demais.

Nessa hora ouvi um som de telefone tocando. O Josh foi ao lado da porta atender e percebi que na verdade era um interfone.

- Tá bom. – ele disse – Estamos descendo.

Ele desligou e se virou para mim.

- O jantar está servido.

- Ei, - falei – vocês usam um interfone para se comunicar?

- É! – ele respondeu – A casa é muito grande. Imagine o trabalho de subir essas escadas para chamar alguém. Tem interfone em todas as salas e quartos, exceto no escritório da minha mãe e do meu pai.

- Tá bom – falei indiferente.

Gente rica era uma coisa. Gente milionária era outra completamente diferente...



Depois do jantar delicioso, que teve de sopa alemã até em pão de mel como sobremesa, com o Josh e a mãe dele – o pai dele, um empresário dono de um monte de empresas, teve que ficar até tarde no trabalho -, eu fui até a cozinha agradecer à Angélica pela deliciosa comida. Ela não estava sozinha, tinha mais duas cozinheiras que, quando eu agradeci, ficaram vermelhas como um tomate. Então, nós dois fomos à sala de jogos para jogar – é claro que eu não ia desistir de jogar lá, aquela sala era um sonho. Resolvemos jogar uma partida de totó.

- E aí Ian – o Josh falou enquanto tentava fazer um gol e eu, com agilidade, fazia meu goleiro defender – Quando você vai se declarar de vez para a Déa?

Nessa hora me distraí e o Josh fez um gol.

- Tá tão assim na cara? – respondi sério.

- Fala sério Ian, o mundo inteiro já sabe que você gosta da Andressa, dá pra ver quando você olha para ela. – ele falou defendendo um quase gol meu.

- É, você também não disfarça muito sabe?! – rebati.

- O quê? – ele disse se distraindo. Eu fiz um gol e revirei meus olhos.

- Eu quis dizer que tá na cara que você gosta da Lê. – falei.

- Não sei do que você está falando. – ele disse se concentrando demais no jogo.

- Aham. – falei simplesmente.

- É diferente. – ele rebateu. – Eu e a Lê... é um pouco complicado!

- Como assim? – perguntei curioso. O Josh fez outro gol.

- É uma longa história.

- Pode contar, sou todo ouvidos.

Então ele me contou que a Lê tinha lido a carta do Esmond e que, por causa disso, eles tiveram todo um desentendimento.

- Mas – ele continuou. – nós somos meio que amigos agora, e nem sei se ela gosta de mim. Ao contrário da Déa, que é apaixonada por você.

Eu ri.

- Você acha? – perguntei.

- Eu não acho, tenho certeza. – ele disse.

A essa altura, ele estava ganhando de 12 a 8.

- Ela zomba tanto de mim... – desabafei.

- Claro, é muito fácil zombar de você perdedor!

Eu ri novamente.

- Tudo bem, vou ver no que isso vai dar.

- Posso pedir uma coisa? - ele perguntou.

- Claro. - respondi.

- Não diz para a Lê que eu te contei essa história, ela pode ficar chateada...

- Tudo bem! - concordei.

Quando o Josh estava ganhando de 21 a 15 resolvi olhar para o relógio e vi que eram 11 horas da noite. Nós descemos e ele chamou o motorista que ia me dar uma carona para casa. Fiquei o caminho todo pensando na Andressa.






FIM OFICIAL.


OBS: Até o final de ano povo! o/ Obrigada para quem leu!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Capitulo 20 - A volta

O sol estava a pino, provavelmente já passava do meio dia e eu mal podia acreditar que estava a caminho da tão conhecida branca e enorme casa. Mesmo depois de três anos, parecia que foi ontem que eu tinha saído de lá, saído do meu verdadeiro lar... mas tinha sido por uma boa causa não era? Era pra eu me controlar, me aperfeiçoar, era o meu destino.
Quase sorri quando lembrei o que eu senti naquele dia, no dia que eu fui embora, no dia que eu deixei a minha família de consideração. Medo, aceitação, surpresa, felicidade e por fim tristeza, afinal, nem tudo era perfeito. Naquele dia eu finalmente entendi o que tinha acontecido, entendi qual era meu futuro, o que eu era, e essa era a melhor parte daquilo.
O que será que eles perguntariam pra mim quando eu entrasse pela porta de mochila nas costas e um sorriso no rosto? Será que eles ainda me aceitariam? Vacilei com esse pensamento, durante esses anos eu tive medo do que eles pensariam de mim, mas eu sabia que pelo menos uma pessoa iria me entender, o meu melhor amigo, o meu irmão, com certeza ele ia me aceitar de volta e com certeza eu iria cobrar meu livro de volta. Rezei para que ele tivesse tomado conta do meu livro direitinho, o livro da minha infância o livro que meu pai tinha me deixado, o livro que minha mãe lia pra mim...
Sorri quando me lembrei do senhor Maicon sentado na cadeira de costume, em um dos primeiros dias que eu tinha chegado ao campo de treinamento, me contando sobre minha mãe e meu pai. “Dois arteiros! Quando chegaram aqui, aprontaram muito! Todos já sabiam que eles iam acabar ficando juntos. Roberto e Kate eram os mais fortes que tínhamos aqui. Juntos, eles eram praticamente invencíveis, pena que eles tenham tido um inimigo tão traiçoeiro e que nunca se dava por vencido...”
Esse inimigo se chamava Darin, e quando eu ficasse mais forte eu ia me vingar, com certeza.
Mas esses anos no campo também me trouxeram amigos, a Viviane e o Lucas, por exemplo. Mas nenhum deles eram iguais ao amigo que eu sabia que sentia a minha falta, e que estava na casa a qual eu estava a caminho agora.
Quando eu cheguei perto da casa vi que tinha uns dois seguranças no portão distraídos, ouvi a conversa deles.
- Que calor cara! – o da direita falou.
- Nem me diga. Gostaria de poder tirar esse terno! – o da esquerda retrucou.
Eu queria chegar de surpresa então deixei aqueles dois conversando e resolvi entrar por trás da casa pulando o muro. Sumi atrás de uma árvore, dei a volta e olhei para cima. O muro tinha bem uns sete metros. Se fossem uns três anos antes, certamente eu não conseguiria subir, mas agora eu tinha habilidades suficientes, ou até demais, para pular esse muro, e para ajudar ainda tinha umas árvores por perto. Resolvi subir na árvore e de lá pular facilmente para o outro lado do muro. Dei uns passos para trás, pulei e pousei em um galho suficientemente forte da árvore. De lá dava pra ver a enorme casa branca. Dei outro pulo e caí do outro lado do muro, finalmente faltavam poucos passos para eu rever as pessoas que faziam parte da minha vida.
De repente ouvi um rosnado, olhei alarmado, mas depois sorri, era o Caco, o bulldog meu e do Josh que ganhamos nos dias das crianças a uns 6 anos atrás, muito tempo. Fui em direção a ele permitindo que ele me cheirasse e no mesmo instante ele me reconheceu. Ele latiu.
- Shshs amigão! - sussurrei - Isso é pra ser uma surpresa!
Fiz cócegas na sua barriga por um tempo, mas depois suspirei e deixei ele ir, afinal, eu tinha umas coisas para resolver e pessoas para ver.
Fui em direção a enorme casa branca decidido, finalmente parei em frente à porta de madeira. Apurei a minha audição e ouvi o barulho da TV ligada, no canal de esporte. Ouvi também um barulho que parecia ser de uma colher mexendo algo em uma panela, me concentrei um pouco mais e consegui identificar o som de uma música de balé em algum lugar do andar de cima. Meus olhos brilharam, minha mãe estava dançando. Fora isso, a casa estava silenciosa.
Toquei a campainha. Segundos depois uma das pessoas que eu mais desejei rever abriu a porta. Eu vi a expressão no seu rosto mudar de surpresa para choque e depois, para meu alívio, uma expressão de felicidade.
- Olá Josh. – falei sorrindo.
- Esmond!


FIM

Atenção! Ainda tem um capítulo extra viu! Obrigada a todos que leram esse blog!
Beijão!