terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Capitulo 14 - Espera.

Quando acordei tomei um banho, me arrumei, peguei minha mochila e desci as escadas. A minha mãe já estava na cozinha cozinhando – tinha meio que virado uma rotina já que agora ela tinha diminuído o turno. Percebi que ela estava cantarolando, coisa que eu nunca a vi fazer.
- Mãe?
- Oi filha! Bom dia! – ela respondeu com um sorriso e se virando pra mim.
- Você está feliz. – não era uma pergunta.
- Você acha? – ela olhou pra mim com cara de santinha. Percebi que tinha alguma coisa acontecendo, coisa essa que eu ainda não estava sabendo.
- Mãe, me conta! – mandei.
- Mas não tem nada acontecendo filha! Só... acordei feliz! – ela estava com a cara de uma criança que foi pega no flagra, mas que continuava negando que tinha feito algo. Como ir direto ao assunto não estava funcionando, resolvi saber o que estava acontecendo indiretamente. Comecei com as perguntas:
- Que horas chegou ontem?
- As onze.
- Onze? Mas a senhora só chega aqui depois de meia-noite!
- É, mas eu peguei uma carona.
Bingo!
- De quem? – perguntei com curiosidade demais. Ela percebeu.
- Não interessa! – ela falou voltando para o fogão.
- Ai mãe, não acredito nisso!
- Não acredito no que?
- Você não vai me contar?
- Não!
- Então não vou contar uma novidade que eu recebi ontem. – falei dando uma cartada.
- Novidade? – ela perguntou. – De quem?
- Não interessa! – falei.
- Olha, me respeite mocinha que eu sou sua mãe!
- Eu sei que você é minha mãe, a mãe mais linda do mundo! – fui em direção a ela e dei um beijo na sua bochecha, ela fez bico - Mas, eu não vou contar enquanto você não me contar. – terminei pegando uma maçã e saindo da cozinha. Eu já estava quase atrasada para o colégio.
- Não vai tomar café filha?
- Não, já tô atrasada mãe.
- Eu não sei por que eu ainda me surpreendo com isso...
- Há há, muito engraçado mãe! – falei já saindo.

Quando cheguei ao colégio, o Cristian, o Josh e a Andressa já haviam chegado.
- Bom dia! – murmurei para eles, mas só duas pessoas me responderam.
- Bom dia Déa. – falei diretamente para ela, que não respondeu.
- O que deu nela? – perguntei ao Cristian.
- Não pergunte para mim, ela também não tá falando comigo.
Olhei para o Josh, ele deu de ombros.
- Déa, tá tudo bem? – perguntei. Ela se limitou a me olhar com uma cara emburrada e voltou a olhar para frente.
-Ok! – disse – Se você não quer falar comigo, não vou te forçar.
Sentei na mesma hora em que o professor de geografia entrava na sala. Arranquei uma folha do meu caderno e escrevi:

Porque você não quer falar comigo?

Passei o papelzinho para a Andressa. Ela leu, escreveu e devolveu:

Você disse que não ia me forçar a falar com você.

Eu sorri e escrevi de volta.

Eu disse que não ia falar, não que eu não ia escrever!

Ela deu um sorriso rápido, tentou disfarçar e fez cara de emburrada de novo. Depois escreveu e me devolveu o papel.

Simplesmente porque você me forçou a trabalhar com o Cristian!

Como? Agora ela não ia querer falar comigo por causa de uma bobagem! Escrevi e mandei o papelzinho pra ela novamente.

Por favor Andressa, é só um trabalho de escola! E até parece que vocês não são amigos!

Nós somos amigos!, ela escreveu, mas... ele não sabe nada de moda!

Suspirei. Como eu podia fazer essa menina parar com aquilo? Tive uma idéia e escrevi:

Tudo bem, ele não sabe, mas você pode ensiná-lo não pode? Tenho certeza que você será uma ótima professora!

Enquanto ela lia fez um biquinho, fingiu que estava pensando um pouco, sorriu, escreveu e passou o papel para mim:

Tá bom! Você me convenceu! Eu faço essa parte do trabalho com ele!

Dessa vez eu sorri, escrevi e devolvi o papel para ela:

Você vai voltar a falar comigo? Porque se não, vamos desmatar uma floresta inteira se só usarmos papel para nos comunicar.

Ela riu e afirmou com a cabeça. Eu ri também e voltei a prestar atenção na aula.
Na hora do intervalo ouve outra reunião do grupo - dessa vez sem brigas e discussões – para marcar o dia do nosso primeiro ensaio.
Depois de uma conversa rápida, decidiu-se que iria ter ensaio na quinta-feira, – dia em que eu não trabalhava – às duas horas e – claro – na casa do Josh.

Eu cheguei em casa decidida a não dormir para poder ver com quem minha mãe ia chegar de carona. Mas até a noite, eu ia passar por uma longa tarde.
Para passar o tempo resolvi limpar a casa, depois fiz todas as atividades do colégio e assisti a um filme. Depois disso tudo, ainda eram cinco horas da tarde e eu não tinha mais nada para fazer. Resolvi ligar para a Andressa.
- Alô. – ela falou do outro lado da linha.
- Oi Déa! É a Lê!
- Oi Lê!
- Tudo bem? – perguntei.
- Tudo sim...
- Fazendo o quê?
- Eu estava dando escova no cabelo. E você?
- Eu não estou fazendo nada...
- Hum - ela falou. Resolvi puxar um assunto.
- Por que você não está falando com o Ian?
Ela deu um muxoxo e respondeu.
- Você sabe muito bem porque não é!
- Eu sei, mas vocês têm que trabalhar juntos, e se vocês não se falarem, como vocês vão trabalhar?
- Tá bom Lê, eu vou falar com ele, mas por enquanto agente não está trabalhando não é?
- É! – falei.
- Então pronto!
- Tudo bem... você que sabe Déa!
Depois disso ficamos conversando por mais de uma hora até a Andressa se olhar no espelho e ver que ainda não tinha terminado de dar a escova.
Olhei para o relógio e vi que ainda eram seis horas e meia. Resolvi ir para o quarto e ligar o computador para me distrair.
Fiquei jogando um monte de jogos até as onze e eu já ia desistir e ir dormir às onze e quinze quando eu ouvi um barulho de carro.
Corri para a minha janela, me escondi atrás das cortinas e fiquei olhando.
Mesmo no escuro era impossível não ver que o carro era um Novo Honda Civic prata, carro esse que, em minha opinião, era lindo, e só os ricos tinham. Ele estacionou na frente da casa e ouvi o clique do motor ser desligado.
Se passou uns cinco minutos até que minha mãe saiu do carro toda sorridente. Ouvi o carro ser ligado novamente e começar a andar. Minha mãe deu um tchauzinho e o carro desapareceu na esquina.
Mesmo tendo visto o carro, eu não podia acreditar que eu não tinha visto o dono do carro. Eu fiquei até as onze horas da noite acordada para não ver quem era a pessoa que estava dando carona para a minha mãe!
Ouvi a porta da frente ser fechada e resolvi ir deitar antes que minha mãe visse o que eu estava bisbilhotando. Desliguei rapidamente o computador e fui deitar. Dez minutos depois eu ouvi minha mãe abrir a porta do meu quarto. Eu fiz o máximo para parecer que eu estava dormindo. Ela me deu um beijo no rosto e depois saiu, fechando a porta ao passar.
Depois que ela saiu, eu comecei a ter a consciência pesada. Eu tinha sido curiosa, de novo, e da última vez que eu tinha sido curiosa, não tinha dado certo para mim. “Mas eu não estou fazendo nada de errado” pensei “ eu só estava preocupada com a minha mãe”. Sim, eu estava preocupada com a minha mãe. Desde que eu me conhecia por gente, minha mãe nunca tinha recebido carona de ninguém, só de amigas. “Mas quem garante que não foi uma amiga que deu carona para ela?” me perguntei. Mas essa resposta eu mesma sabia. Minha mãe não cantarolava no dia seguinte quando amigas lhe davam carona.
Fechei meus olhos e me perguntei o porquê de eu estar preocupada, minha mãe estava feliz não estava? Então eu deveria estar também!
Esse pensamento me fez diminuir um pouco a preocupação, então, resolvi dormir antes que eu começasse a me preocupar novamente.

2 comentários:

  1. Será que é o pai de Lê que de repente voltou? Ou será que ja ta assim com o novo chefe dela ??
    =O - ancioso para o proximo capitulo. \o/

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  2. uhsauhsaush
    Quem sabe? Laia os próximos capitulos!! :P

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