terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Capitulo 16 – E lá vamos nós!

Quem abriu a porta foi a Angélica, a perfeita cozinheira que fez o Cristian ficar para jantar.
- Olá senhor Josh! Como foi a escola? – ela disse quando nós entramos.
- Bem Angel. – ele deu um beijo em sua bochecha - Onde está a minha mãe?
- Ela saiu, mas disse que voltava logo. Está com fome?
- Não, estou bem... Você já conhece a Letícia não é? – ele falou sinalizando para mim.
- Sim senhor, eu a vi naquele dia! – ela sorriu – Como está a senhorita?
Eu fiquei sem graça, mas mesmo assim falei.
- Bem, obrigada.
- Vai precisar de alguma coisa? – ela se dirigiu ao Josh.
- Não. Obrigado.
Ela acenou com a cabeça e saiu. O Josh largou a mochila dele em cima do sofá.
- Pode deixar a mochila aí Lê.
- Não precisa! – eu disse apertando a alça da minha mochila – Eu estou bem.
- Você que sabe. – ele deu de ombros.
Nós ficamos assim por um momento até que me deu uma enorme vontade que os membros do grupo chegassem logo.
- Que horas são? – perguntei.
Ele olhou o relógio no pulso.
- Uma e quarenta.
- Ainda?! – me assustei.
Ele sorriu.
- É.
- E o que nós vamos fazer até o pessoal chegar? – perguntei entediada.
Ele pensou por um minuto e depois respondeu com um grande sorriso.
- Você quer ver a minha coleção?
- Coleção? De quê? – perguntei.
- Surpresa! – ele disse pegando minha mão e me puxando. Nós não subimos nenhuma escada, só íamos em frente um grande corredor que ficava ao lado da escada. Eu pude ver uma porta no fim do mesmo, mas eu seguia o Josh sem entender nada. Na verdade, eu quase nunca entendia coisa alguma. Eu fiquei imaginando que coleção seria aquela. Selos? Tampinhas de garrafa? Figuras? CD’s? DVD’s? Tênis?
Finalmente paramos em frente à porta.
- Está preparada? – ele perguntou.
- Creio que sim. – falei ainda imaginando que coleção seria essa.
Ele abriu a porta, estava tudo escuro. Ele ligou o interruptor ao lado da porta e entrei em estado de choque. Como eu pude imaginar que ele teria uma coleção de tampinhas? Ele era rico, milionário! É claro que a coleção mais coerente que ele poderia ter era de carros!
Carros de todos os tipos, tamanhos, cores. Essa foi a primeira coisa que eu registrei, depois vi que o lugar era enorme e que tinha uns vinte carros ou mais, todos enfileirados lado a lado deixando assim um grande espaço no centro. Do lado direito tinha uma porta enorme de metal que eu imaginei ser o lugar onde os carros entravam e saiam. Parecia uma garagem em tamanho gigante.
Eu não entendia nem sabia nada sobre carros, mas, com certeza, todos os meninos do mundo gostariam de ter uma garagem dessas. Simplesmente maravilhosa!
- E aí! Gostou? – ele perguntou sorrindo.
- Eu... nossa... adorei. – consegui falar.
- Meu pai que começou com a coleção, de carros e de motos. O de carros ficou para mim porque eu adoro carros. O de motos ficou com o... Esmond – o Josh se entristeceu -, ele... prefere motos.
- Josh, eu sinto muito pelo seu amigo.
Ele balançou a cabeça afirmativamente, suspirou e depois mudou de assunto.
- Olha esse aqui. – ele disse apontando para um carrão conversível amarelo. – É um Lamborghini Murciélago Roadster. Adoro esse carro ele corre muito!
- Você já dirigiu? – perguntei me distraindo da visão do maravilhoso Lamborghini por um momento.
- Já!
- Quantos anos você tem? – Como eu ainda não tinha feito essa pergunta?
- Dezessete.
- Espera aí! Você não pode dirigir ainda!
- Eu sei! Mas a falsificação existe né? – ele falou como se eu fosse uma insana.
- Acho melhor parar de fazer perguntas sobre isso, não quero me envolver no mundo do crime. – falei. Ele riu.
O Josh me mostrou alguns carros como a Ferrari Enzo 34 vermelha, o Porsche Cayman prata e um Bugatti Veyron azul. O mais “simples” que ele me mostrou era o favorito dele, um Novo Honda Fit verde escuro. Depois que ele me mostrou esse ultimo ele olhou o relógio e viu que já eram duas horas.
Nós saímos da grande garagem e voltamos para sala no mesmo momento em que a campainha tocou. O Josh foi atender a porta e por ela entraram a Andressa e o Cristian.
- Lê! Que bom que você conseguiu chegar! O motorista do busão te deixou aqui perto mesmo? – Andressa falou toda feliz.
- Sim. – falei.
Foi um momento de constrangimento. O Josh olhou para mim com uma grande interrogação na face. Será que ele ia dizer alguma coisa para a Andressa? Se ele ia dizer ou não, não deu para saber, porque a campainha tocou novamente e o Fernando e o Cristiano entraram. Logo depois chegou o Thiago seguido da Eloá, que deu um abraço no Josh. Virei o rosto para não ver a cena.
- Então! Vamos ensaiar? – Eloá falou empolgada.
- Acho que é melhor afastar esse sofá e a mesinha pra não quebrar nada... – Fernando disse meio incerto.
O Josh riu.
- Agente não vai ensaiar aqui, não tem espaço. – ele falou.
- Então onde agente vai ensaiar? – Andressa perguntou.
- Na sala de dança. Há um grande espaço lá.– ele disse simplesmente.
- Não vai me dizer que você dança também!! – Eloá perguntou maravilhada. Que garota nojenta!
- Não, minha mãe.
- Ah tá! Cara, se sua mãe não fosse sua mãe, eu pegava! – Cristian falou.
O Josh deu um tapa na cabeça dele dizendo:
- Você é muito engraçado sabia!
- Eu sei... – Cristian falou massageando a cabeça onde o Josh bateu. Eloá revirou os olhos.
- Bem, vamos lá né?
E nós subimos, mais uma vez, escadas. Dessa vez foram três lances de escadas.
- Cara, você nunca pensou em instalar um elevador aqui não? – Thiago perguntou.
- Já, mas minha mãe não concordou, disse que exercício faz bem.
- Isso era uma brincadeira! – Thiago falou encarando o Josh.
- Sério? – o Josh falou - Bom, eu já me acostumei com as escadas!
- Mas agente não! – Andressa reclamou.
- Chegamos! – ele disse depois que subimos as escadas, andamos um pouco pelo corredor, dobramos a esquerda, a direita, até que eu me perdi pelos caminhos.
Ele abriu a porta e pode-se ver uma sala que parecia mais ser de balé. Tinha umas barras em frente a espelhos grandes, e uma brisa entrava pelas duas janelas grandes, onde dava para ver o jardim na frente da casa. O lugar era bem grande.
- Acho que aqui dá para ensaiar. – ele disse.
- Aqui tá ótimo! – falei.
- Olha, eu fiz umas cópias do roteiro... – Eloá falou pegando uns papeis do classificador que ela trouxe - E ah, o Thiago esqueceu de dizer quem vai ser o narrador.
- E quem vai ser o narrador? – Cristiano perguntou.
- O Thiago mesmo. – ela falou simplesmente enquanto entregava uma cópia do roteiro para cada um. – Então! Vamos começar?!
- Pera, eu nem gravei ainda a minha fala! – Fernando falou.
- Não precisa Nando, hoje é só o primeiro ensaio, você grava depois. – Eloá disse.
Estava parecendo que a Eloá era a líder do grupo, e eu não podia permitir isso. Eu já tinha alguma experiência com peças – culpa das peças infantis que eu fiz – então resolvi reassumir o meu posto de líder.
- Vamos ensaiar galera! – falei. – Quem começa é o Thiago, já que ele é o narrador.
- Tá bom! – o Thiago disse pegando o roteiro.
Ele começou a ler, ou melhor, narrar.
- O mundo está cheio de deuses e ninguém consegue servi-los a todos. No entanto, é verdade que o destino de um homem depende das escolhas que ele faz entre os deuses; e muitas histórias dizem que a guerra de Tróia começou assim, quando o herói troiano Páris foi chamado pelas Deusas ao topo do Monte Ida, numa tarde quente... – ele deu uma pausa e falou – É aí que entra as Deusas Lê, Déa e Eloá.
Nessa parte nós ensaiamos muito bem, até a hora em que o Paris, Cristian, vê Helena, Eloá, pela primeira vez e a convence a fugir com ele.
- Eu acho que nessa parte tem que ter beijo. – Fernando disse.
- Como assim? B... beijo de verdade? – Andressa perguntou.
- É! - Cristiano falou.
- Na... na... boca? – Andressa perguntou novamente.
- Sim, qual o problema Déa? – Thiago olhou intrigado para ela.
- Eu... - Andressa olhou para baixo – não sei, acho que não tem nada haver...
- Pois eu concordo! – Cristian falou irritado. – Quem concorda levanta a mão.
Thiago, Fernando, Eloá, Cristiano e o Cristian levantaram a mão, a maioria. Eu não podia levantar a mão, entendia o porque da Déa não querer levantar a mão e pelo visto o Josh também entendia, ele olhava preocupado para ela, assim como eu também estava.
- É a maioria, então tá certo! – Eloá sorriu. Se eu achava que ela era uma atirada, tinha mais certeza ainda agora.
- Vocês vão querer ensaiar essa parte agora? – Fernando perguntou com um sorriso maroto.
Quando ele disse isso, a Andressa saiu correndo porta fora.
- O que deu nela? – Eloá perguntou.
- Nada não! – falei bruscamente para a ela e depois saí também para procurar a Déa.
Olhei de um lado para o outro e não a vi em nenhuma parte do corredor resolvi pegar o caminho da direita achando que ela poderia ter querido ir embora, mas me perdi. Continuei andando pelo corredor e quando eu ia virar em uma curva esbarrei em alguém. Para a minha surpresa, era a mãe do Josh, Suilam.
- Me desculpe! – falei – Eu só estava...
- Procurando a sua amiga. – ela completou. – Letícia não é?
- Sim! A senhora sabe onde ela foi? – perguntei aflita.
- Não me chame de senhora, só de Suilam! E sim, eu a vi, ela me perguntou onde era o banheiro. Ela não estava muito bem... – ela falou incerta. – Eu posso ajudar em algo?
- Não precisa. – falei – Obrigada!
-Ok! Para chegar no banheiro é só seguir esse corredor, é a penúltima porta. – ela falou me mostrando o caminho.
- Obrigada! – eu disse – E me desculpe por ter esbarrado na senho.. digo, em você!
- Tudo bem, eu te desculpo, sei que não foi de propósito. – ela falou sorrindo.
- Obrigada! – falei novamente.
Eu já ia seguindo o meu caminho quando ela me chamou novamente.
- Letícia, obrigada! – ela disse.
- Pelo que? – perguntei com a minha constante cara de desentendida.
- Por fazer o Josh sorrir novamente! – ela falou sorrindo.
Então, o Josh não sorria? Por que? Mas que pergunta besta, é claro que deveria ser por causa do amigo dele que sumiu. Antes que eu pudesse fazer ou falar qualquer coisa, Suilam sumiu pelo corredor.
Depois de um tempo lembrei o porque de eu estar tão preocupada e, seguindo as instruções de Suilam, segui pelo corredor para procurar por Andressa. Finalmente encontrei o banheiro. Encostei minha orelha na porta para tentar escutar alguma coisa. Ouvi um choro baixinho, a Andressa estava chorando, que ótimo!
Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Bati, nenhuma resposta. Bati novamente e continuei sem resposta. Bati mais forte e dessa vez falei.
- Déa, por favor abre! Eu quero conversar com você! Não confia mais em mim?!
Continuei sem resposta, resolvi insistir mais.
- Déa, eu sei que você tá aí! Abre essa porta!
Finalmente ela respondeu.
- O que você quer Letícia? – ela gritou com a voz rouca, provavelmente por causa do choro.
- Eu já falei Déa, quero falar com você!
- Eu não quero falar com ninguém. – ela disse.
- Por que? – perguntei.
- Porque... eu quero ficar sozinha, não preciso de ninguém! – ela já estava me irritando, será que não via que eu queria ajudá-la? Respirei fundo e falei.
- Déa, não adianta ficar assim, chorar não vai resolver o seu problema!
- Que problema? E quem disse que eu estou chorando? – “Teimosia e cabeça dura, era esse o problema dela”, pensei.
- Eu sei muito bem qual é o seu problema e o porque de você estar chorando. Agora abre essa porta!
Nenhuma reposta.
- Fala sério Déa, eu sou sua melhor amiga, eu quero conversar com você, e uma porta no meio não ajuda muito!
Houve um minuto de silêncio e finalmente ela abriu a porta. O seu rosto estava banhado por lágrimas, assim que entrei no banheiro - que por sinal era enorme e tinha até banheira -, ela me abraçou. Ficamos assim por um tempo até ela falar.
- Viu, não tenho problema nenhum. – ela falou com a voz fraca.
- Déa, porque você não fala de vez pro Ian que você gosta dele?
Ela se afastou de mim imediatamente.
- Quem disse que eu gosto desse... desse... legume?
Eu já temia essa reação.
- Fala sério Déa, tá escrito na sua cara!
- Não tá nada, você tá delirando! Desde quando se pode ver algo escrito na cara? Só se pode escrever no papel! E... e... é isso aí!
- Déa, você ama o Ian! – falei.
- Não amo! – ela disse.
- Ama! – insisti.
- Não amo! – ela gritou.
- Então porque saiu correndo quando soube que ele ia beijar a Eloá?
- Porque... não foi por causa disso! – ela parecia uma criança teimosa.
- Então foi o quê?
- Foi porque... eu ainda não me conformei do Cristian ter pego o papel principal, ele não sabe atuar, ele não sabe fazer nada!
- Então é isso? – perguntei, essa resposta não fazia sentido nenhum.
- É!
- E precisava chorar por isso? – perguntei ironicamente.
- É! - Ela falou com um sorriso de vitória no rosto.
- E você quer fazer o papel de Paris?
- É... não! Claro que não! – ela falou rapidamente. – Eu quero que o Josh faça o papel.
- Ele não! – falei cruzando os braços.
- Por que não? – ela levantou uma sobrancelha.
- Porque ele não quer! – eu que estava parecendo uma criança teimosa agora.
- Tudo bem então, que fosse qualquer outra pessoa! – ela jogou os braços para cima.
- Déa, essa sua perseguição pelo Ian, não tem fundamento! Será que você não enxerga isso?! Por que raios você acha que ele não sabe fazer nada? – perguntei derrotada.
- Porque ele não sabe e ponto final.
Continuar com essa discussão não ia dar em nada, a Andressa era muito cabeça dura para aceitar que ela gostava do Cristian, e eu já estava cansada de tentar enfiar isso na cabeça dela.
- Tá bom Déa! Então vamos voltar para o ensaio! – falei indo em direção a porta. Ela continuou parada no lugar.
- Eu não quero voltar para lá, tá tudo muito bem aqui obrigada! – ela disse.
- O que? – falei – Você prefere ficar trancada no banheiro?
- É! – ela falou – Esse banheiro é bem legal!
Eu vi que ela estava tentando me enrolar.
- Déa, por favor! Essa não colou. – falei.
- Tá bom! Eu quero ir pra casa.
- Mas por que? – perguntei desesperada.
- Eu não quero continuar lá e ver... – a voz dela foi sumindo.
Suspirei.
- Déa, você não pode fugir para sempre! Nós temos que ensaiar! É só por uns dias, depois agente apresenta o trabalho e você não vai mais precisar – levantei minhas mãos para fazer o movimento de aspas – “ver o Ian fazendo o papel principal!”
Ela olhou para mim com carinha triste e falou.
- Tá bom, eu vou com você! Vamos lá ensaiar.
- Claro! Se acharmos o lugar né! – falei. Ela riu.
- É mais fácil agente se perder...

Alguns carros da coleção do Josh:
Lamborghini: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0e/Lamborghini_Murci%C3%A9lago_Roadster_2005.JPG
Ferrari Enzo 34:
http://www.fotosdecarro.net/foto-de-carro-ferrari-enzo-34/
Bugatti Veyron:
http://blog.cochesalaventa.com/_fotos2/2009/03/04/Geneva-2009-Bleu-Centenaire-is-every-bit-as-special-as-any-other-Bugatti-Veyron_7218_1.jpg
Porsche Cayman:
http://www.imotion.com.br/imagens/data/media/25/Porsche_Cayman.jpg
Novo Honda Fit :
http://images.noticiasautomotivas.com.br/img/d/honda-fit-novo-flagra-bruno-1.JPG

2 comentários:

  1. Josh bem que podia ter um corvete tbm... S2

    Oh Dea.... fico só imaginando o desenrolar dessa peça... e quero saber se Andressa vai ou ñ sair do armario!!!
    Perfect como todos os capítulos...
    ESCREVE LOGO O 17!!!!

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  2. uahsaush
    Como assim sair do armário? quem sai do armário é homem né não? :?
    ESCREVO SIIIIM!!

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