sábado, 17 de outubro de 2009

Capitulo 7 - Final de semana

Finalmente a sexta-feira chegou trazendo uma esperança de ótimo final de semana. Na escola, tudo correu normalmente – eu ainda não falava com o Josh e ele sentava o mesmo lugar de sempre. O único problema foi o trabalho á tarde. A Grace voltou com força total, completamente recuperada da gripe.
Ela descontou dinheiro do meu salário pela minha falta do outro dia e me acusou de ter passado gripe para ela. Ninguém merece!
Assim quem eu cheguei em casa à noite, Andressa ligou.
- E aí linda! Vamo no shopping amanhã eu, você e o Ian? Temos que aproveitar que nesse sábado não tem prova né?
- Claro, vamo sim Déa, tou precisando respirar um pouquinho, é só da escola pra casa, de casa pro trabalho, do trabalho pra casa e de casa pra escola de novo.
- Vixi, para de falar que eu já fiquei confusa! O que importa é que você vai amanhã né?
- Vou sim!
- Então, esteja pronta amanhã às 10 horas da manhã que eu e o Ian vamos te buscar tá bom?
- Certíssimo!
- Tchau lindona!
- Tchau gatona!
Eu ri e antes de desligar eu pude ouvir que Andresa também estava rindo.
Como amanhã não ia ter prova, eu resolvi esperar minha mãe chegar, já fazia 2 dias e alguma horas que eu não a via.
Liguei a TV e fiquei assistindo um canal de clipes. As horas foram passando e eu acabei cochilando no sofá.
Pareciam dois homens, os dois de costas para mim, indo embora, em direção ao nada. Eu tentei correr atrás deles, mas não conseguia alcançá-los. Desisti de correr e passei minha mão pelo rosto, eu estava chorando. De repente, alguém puxou meu braço.
- Você não vai conseguir! – o alguém falou pra mim, eu não conseguia ver seu rosto.
- Eles foram embora!
- Não! – arfei.
- Acorde!
- Não! – gritei.
- Filha, acorde!
Abri os olhos, minha mãe estava olhando para mim.
- Mãe?
- Você estava tendo um pesadelo filha!
- Desculpa mãe, eu deitei aqui te esperando, mas eu dormi, que pesadelo estranho!
- Quer me falar sobre ele?
- Não, tá tudo bem!
Sentei no sofá e mudei de assunto.
- Como foi o trabalho?
- Ah, foi bem, cansativo como sempre! – minha mãe falou sentando do meu lado. – Meu chefe tá pegando muito no meu pé filha! Sinceramente, só de agüentar ele, eu devia ganhar um promoção!
- Nisso eu te entendo mãe! – eu disse rindo.
- Ah, mas que bom, você ficou aqui pra me ver! E aí? Como foi com aquele idiota do aluno novo?
Oow...
- Bem... eu não falo muito com ele, nem ele comigo...
- Mas ele não foi grosso com você novamente não é?
- Não, não foi. – respondi rapidamente.
Ela me olhou bem e depois levantou.
- Bom, vou tomar um bom banho, comer algo e vou dormir! Amanhã eu tenho que estar no trabalho às 9 horas da manhã! Você vai ficar aqui assistindo?
- Não mãe, vou dormir também! Já tá muito tarde! – Falei dando um salto do sofá e notando que já era uma e meia da manhã.
Desliguei a TV e nós duas subimos as escadas juntas, quando chegou na porta do meu quarto minha mãe me deu um beijo e um “Bons sonhos”.
Dormi sem nem lembrar mais do meu pesadelo.

Buzinas, buzinas e mais buzinas. Acordei assustada! Fui tropeçando para a janela e vi o Cristian e Andressa encostados em um Audi a3 preto com motorista.
Andressa me viu na janela, arregalou os olhos e veio em direção a minha porta, Cristian a seguiu.
Desci as escadas correndo ao mesmo tempo em que eu ouvi a campainha impaciente.
Abri a porta e na minha frente estava Andressa com os cabelos soltos e enrolados nas pontas. Ela estava usando um vestido rosa que parecia seda com uma alça cheia de babadinhos um pouco acima dos joelhos, uma sandália de salto alto prata e uma bolsinha prata combinando com o sapato. Cristian estava com uma calça jeans, uma camisa branca de botão com coisas escritas em preto e um tênis. Eu estava usando um pijama velho com desenhos da Minnie e descalça.
- Letícia Fontes, não acredito que você ainda está assim! – ela reclamou me puxando e entrando em casa sem nenhuma cerimônia. Cristian continuou na porta.
- Pode entrar Ian! – Andressa falou já me puxando pelas escadas. – eu não acredito que você estava dormindo até agora! Vamos agora arrumar um look pra você!!
Cristian entrou, sentou no sofá e ligou a TV.
- Eu espero aqui! – ele gritou.
- Espera Déa, que hora são?
- Não importa você está atrasada! – Já estávamos no quarto.
- Como? – olhei para o som 10:00 da manhã.
- Ei, o combinado é às 10 horas, ainda tô no horário! – eu disse bocejando. Ela olhou o relógio agora eram 10:01.
- Pronto, agora você está oficialmente atrasada!
Revirei meus olhos e sentei na cama enquanto ela estava revirando o meu guarda-roupa.
- Meu Deus, não tem nenhuma roupa nesse negócio não é?
- Como? Meu guarda-roupa está cheio de roupa aí!
- Eu quis dizer de roupas boas! Só tem calça e camiseta!
Ela abriu o compartimento de cima e viu umas roupas dobradas.
- Umm!! – ela exclamou quando viu as roupas – isso é que é roupa Lê!
Ela pegou uma peça e desdobrou, era um vestido branco de botão com manga longa.
- Você vai vestir essa!
Imediatamente levantei da cama.
- Tu bem, já tô acordada, chega disso! Me dá esse vestido e vai me esperar lá em baixo que eu já vou!
- Não senhora! Você vai vestir isso daqui...- arranquei o vestido da mão dela, joguei na cama e fui empurrando ela para fora do quarto.
- Me dê só 5 minutos Déa que eu vou estar pronta!
Ela olhou para mim como se fosse reclamar, mas desistiu e resmungou algo como “ainda faço você se vestir como gente” e foi para a sala.
Fechei a porta e encarei o vestido em cima da cama. Eu gostava de me mover, me sentir confortável, sentar como eu quiser, e vestir um vestido não deixa nada disso acontecer.
- Não, eu não vou vestir isso hoje!

Depois de ter me arrumado – vestindo uma camiseta preta e calça jeans escura – eu desci as escadas e encontrei Andressa andando de um lado para o outro e Cristian tranqüilo assistindo TV.
- Estou prontaa!! – gritei. Os dois se assustaram.
- Aleluia!! – Cristian gritou.
- Você acha que tá pronta né? – Andressa falou.
Suspirei.
- Vamos?
- Ô né? Eu vou fazer o que? OU agente vai, ou agente fica aqui, se bem que com você desse jeito.... porque você não colocou algo bem rosa assim, sei lá...
- Andressa para de reclamar, o seu motorista já deve tá dormindo de tanto esperar! – Cristian falou levando Andressa para fora.
- Mas a culpa não é minha, foi Letícia que demorou...
Peguei minha identidade e meu cartão de crédito - sim, eu tenho cartão de crédito, com 150 reais de limite, minha condição financeira não admite mais do que isso -, a chave, fechei e tranquei a porta, e sai com eles.
Rapidamente chegamos no shopping, o motorista praticamente voou pelas ruas. Andressa, como sempre, entrou e saiu de um monte de lojas, eu também aproveitei, o único que não gostou muito disso foi o Cristian. As únicas horas que eu o via feliz era quando Andressa desfilava com as roupas que experimentava pedindo nossa opinião, os olhos dele brilhavam. Andressa me obrigou a comprar um vestido totalmente pink cheia de babados.
Agente também foi assistir a um filme, “Se eu fosse você 2”, foi muito engraçado, um dos melhores filmes de comédia que eu já assisti.
Comemos em um restaurante do shopping e, finalmente, voltamos para o carro – Andressa cheia de sacolas nas mãos, Cristian também, demonstrando solidariedade, e eu com as minhas.
O motorista de Andressa me deixou na porta da minha casa. Quando o carro ia virando a esquina, Andressa me deu um tchauzinho pela janela.

No domingo minha mãe estava em casa, era o dia de folga dela, foi muito divertido. Colocamos o som alto, fizemos faxina juntas e fomos almoçar em um restaurante perto de casa. Á noite o motorista dela de Andressa deixou ela lá em casa.
- Oi Dona Miriam! Que bom que a senhora está em casa! Hoje vai ser a noite das garotas!
- Como assim Andressa? – minha mãe perguntou.
- Olha, eu trouxe um filminho, que, tipo, você chora muuuuito! “P.S: Eu te amo”
- Ah, eu já ouvi falar desse filme, tem lá na loja. Disseram que é muito emocionante! – comentei.
Colocamos o DVD e choramos enquanto comíamos pipoca com o filme. Realmente, era um filme de chorar mesmo! Fiquei um pouco mexida porque o cara deixava cartas, é cartas, para a esposa, só pra ela ler. Na verdade, eu chorei mais no filme por causa da lembrança. Mas, no fim superei.
Quando o filme e a choradeira acabaram percebemos que já estava tarde.
- Nossa! Onze horas da noite! Amanhã você tem aula Letícia! – minha mãe exclamou assustada com o horário. – E você também Andressa!
- Eu sei, vou ligar pro meu motorista vir me buscar!
- Não precisa Déa, porque você não dorme aqui?
- É Andressa pode ficar, tenho certeza que seus pais vão deixar – minha mãe aprovou.
- Não, não, eu não trouxe minha farda, nem escova de dente, - revirei meus olhos - nem os meus cremes que eu uso antes de dormir, nem o meu secador... outro dia eu fico!
Minha mãe me olhou como quem diz “essa menina é maluca?”.
Ela acabou ligando mesmo para o motorista que já estava por perto e chegou em 5 minutos. Fui dormir completamente feliz com o meu final de semana, agora eu iria, com certeza, encarar renovada a minha semana.

sábado, 10 de outubro de 2009

Capitulo 6 – Trabalho em grupo

Depois do colégio eu fui pra casa, almocei, tomei um banho e fui para o trabalho. Eu sabia muito bem que hoje a Grace iria querer que eu me matasse no trabalho para compensar a falta de ontem além, é claro, de querer descontar no meu salário a falta. Mas não tava ligando pra isso, eu tava mais pensando em um meio de matar o convencido, idiota, bonito e grosso do Josh e em como explicar tudo para Andressa sem mencionar a carta.
Quando eu entrei na loja até fiquei surpresa, ninguém começou a reclamar comigo, ao invés disso quem veio falar comigo foi a Aline, toda sorrisos.
- Lê, que bom que você veio hoje! Já tá melhor? Eu soube que você estava doente...
- Oi Line, tou bem sim, obrigada! Mas – falei notando que não só ela tava toda sorrisos, como os outros funcionários da loja também – porque tá todo mundo feliz hoje?
- Ah, foi porque aquela chata da Grace não veio hoje, ela ligou avisando, disse que pegou uma gripe muito forte!
- Ô, é a glória, só pode ser! – exclamei feliz da vida.
- Não é menina?! Agente já tá quase fazendo uma festa aqui!
- Rá, se tiver festa, eu tou dentro!
Aline riu e foi atender uma cliente que tinha acabado de chegar.
Era incrível a atmosfera da loja quando a Grace não vinha trabalhar, e não só eu percebi como os clientes também, o movimento aumentou até consideravelmente.Os únicos que não ficaram felizes foram um grupo de garotos que entraram perguntando por ela, eles saíram desolados da loja.
Depois de um dia maravilhoso de trabalho – desde a época da Grace não havia nenhum – eu fui para casa. A ida para casa não fui muito boa, o ônibus estava lotado de gente, quando finalmente eu soltei no meu ponto – depois quase ter sido esmagada – eu senti uma sensação estranha, como se eu estivesse sento seguida, olhei em volta e vi vários carros passando pela rua e mais ninguém. Na certa era ainda o efeito colateral de um ônibus cheio, mas engraçado, eu nunca tinha sentido isso...
Finalmente cheguei em casa, tomei um banho demorado, fiz minhas atividades do colégio, ou melhor, tentei fazer as minhas atividades do colégio, comi algo, deixei um bilhete para minha mãe dizendo que o dia tinha sido ótimo – não precisava falar sobre a minha briguinha infantil com o Josh – e fui dormir. Antes de pegar no sono, a imagem de um outro bilhete veio na minha mente “Você vai me pedir desculpas :P“
- Idiota – resmunguei.

No outro dia, eu fiz questão de chegar mais tarde só para não falar com o Josh, era essa a saida que eu tinha encontrado, fazer com que nada tenha acontecido.
Quando cheguei, metade da sala já tinha chegado, inclusive Déa, Ian e.... ah, já dá pra saber. O incrível é que ele sentou na mesma cadeira de ontem e hoje estava ouvindo um algo no seu Ipod – uma humilhação para o meu walkman -, cara de pau!
- Bom dia gente! – falei sorridente mostrando indiferença para o ser que estava sentado na frente: Josh.
- Bom dia Lê! – Ian e Andressa exclamaram juntos.
O Josh simplesmente deu uma olhada de canto de olho para gente e voltou a olhar para frente.
Finalmente Andressa e Cristian tinham feito as pazes, Déa contou que não tinha ninguém para conversar ontem, e já que sabia que eu estava no trabalho, ligou para o Cristian. Ficamos conversando um tempão até a professora de Redação chegar e mandar agente fazer uma redação valendo nota sobre a valorização da amizade, que assunto mara, com certeza vou tirar dez!
Depois da redação veio uma atividade gigante que o professor de química passou.
No intervalo, tudo nas mil maravilhas, finalmente um dia feliz depois daquela carta...balancei a cabeça e afastei aquele pensamento, nada ia estragar a felicidade de hoje! Pelo menos era isso o que eu queria.
Bem que diziam que alegria de pobre dura pouco, depois do intervalo tinha aula de história e a linda professora Manuela inventou de passar um trabalho gigante em grupo.
- Bom, o tema do trabalho será Guerra de Tróia e eu vou querer criatividade! Vocês podem fazer qualquer coisa, uma peça, seminário, debate... mas tem que ser, é claro, com esse tema. Para que tudo seja perfeito, o trabalho tomará toda a I unidade. Agora eu tenho uma notícia boa e uma notícia má, qual vocês querem primeiro?
- Manda logo a ruim professora, a boa vem depois pra amenizar. – Um garoto do fundão, Maurício, falou.
- Bom, já que vocês querem assim, a notícia ruim pra vocês é que eu vou escolher os grupos. Gemidos e protestos por toda sala.
- Ah professora assim não vale!
- É marmelada!
- Que mole véi!
- O quê?
- Só não quero ficar no mesmo grupo do Beto! – uma menina exclamou.
- Oxi, qual é de mesmo muié? Eu sei que você me ama! – ele devolveu.
- Gente, silencio!- a professora falou - deixe-me explicar, vocês já estão no segundo ano e eu sei que muitos de vocês estudam aqui á muito tempo e já tem as suas panelinhas formadas, eu faço isso no intuito de dissolver essas panelinhas.
- Ah, mas professora, se as panelinhas são formadas, são para não se separarem né? Dã! – Déa falou.
- Ô fessora, como você dividiu os grupos então? – Ian perguntou.
- Bem – a professora falou - , aqui são 40 alunos, então serão 5 grupos de 8 pessoas. Em cada grupo, eu elegi um líder e sorteei os números das pessoas que vão ficar nos grupos. Assim que eu disser os grupos, podem ir se reunindo e começando a discutir sobre o que fazer. O Líder do grupo 1, Bruno Marconi...
- Como assim eu sou o líder de um grupo? Professora, tem certeza que foi eu que a senhora escolheu, eu só passo arrastado nessa matéria!
- Absoluta Bruno, eu sei que você tem capacidade para isso! Agora, com você estão os números 5, 10, 13, 28, 31, 35 e 39. Podem se reunir em um grupo no fundo da sala.
Cadeiras foram arrastados e as pessoas com os seus respectivos números foram juntar com o Bruno.
Eu já tava ficando nervosa, qual seria o meu grupo?
- Líder do grupo 2, Mariana, números, 7, 8, 11, 18, 26, 29 e 32.
As pessoas que ficaram no grupo de Mariana foram contentes se juntar com ela, ficar no grupo da menina mais inteligente da sala era uma dádiva.
- Líder do grupo 3, Luana, números 9, 15, 20, 21, 27, 36 e 40.
Mais um grupo formado, e eu nada. Percebi que Nem Cristian, número 3, nem Andressa, número1, foram escolhidos para um grupo ainda, muito menos o Josh, mas eu não sabia qual era o número dele.
- Líder do grupo 4, Gilberto, números 6, 16, 23, 25, 33, 34 e 38.
Que bom, eu já tinha uma certeza, Andressa e Cristian já estavam no meu grupo!
- Líder do grupo 5 Letícia...
- Quem? – perguntei espantada.
- Você mesma Letícia! E seu grupo é, 1, 3, 4, 12, 14, 19 e 37.
Várias pessoas, vieram se reunir comigo, Andressa e Cristian – sorridentes -, Cristiano, Eloá, Fernando, Thiago e para meu espanto, o Josh.
- Ah gente, já ia esquecendo a notícia boa.
Isso tudo não passa de uma brincadeira e vocês podem escolher seu grupo, pensei.
- Esse trabalho valerá 6 pontos na média, logo, não haverá o teste de história e o assunto da prova será a Guerra de Tróia.
Vivas por todos os lados.
- Professora, - Mariana interrompeu – e qual serão os dias da apresentação do trabalho?
- Bom Mari, hoje são 12 de fevereiro então, o trabalho ficará para o dia 17 de abril, mais de dois meses pra fazer esse trabalho, eu quero ele perfeito! Façam os 6 pontos valerem apena!
- Mas professora, na sua aula não vai dar para apresentar todos os grupos. – Déa falou.
- Eu sei, por isso, nesse dia não haverá aula, o dia todo será de apresentações!
- E quando vai ser a prova de história? – Ian perguntou.
- Ah, aí é segredo!
- Ah professora, prova surpresa ninguém merece! – Luana resmungou.
- Como não? Eu já estou facilitando pra vocês não fazendo um teste. E a prova ainda será sobre o tema do trabalho. Só perde nessa unidade quem quiser.
- É verdade professora – Bruno apoiou.
- Bom, então, todos ao trabalho!
No mesmo instante um burburinho começou pela sala, todos discutindo idéias e opiniões.
Não dava para acreditar, de 38 pessoas que poderiam fazer grupo comigo, a professora tinha que sortear o Josh para ser do meu grupo. Não, isso não pode!
- Professora, tem certeza que são esses os números do meu grupo? – perguntei timidamente.
Todos olharam para mim como se eu fosse uma maluca. A professora tornou a olhar o papel onde estavam escritos os números e disse:
- São esses mesmos Letícia, por quê?
Nada não professora, é só que eu não quero que o Josh fique no meu grupo! – resolvi guardar essa resposta pra mim.
- Nada professora...
Ela olhou para mim de uma forma estranha, quase como questionando a minha sanidade.
No meu grupo, o Josh tomou a palavra, começou a falar um monte de idéias e a conversar com as pessoas do grupo. Ele tava tão bonitinho falando que eu só conseguia olhar para ele.
- Lê, tô falando com você! – Era Andressa me cutucando.
- Oi Déa, o que foi?
- Que bom que eu, você e o Ian ficamos no mesmo grupo né?
- Claro, claro.
- E ainda bem que no nosso grupo só tem pessoas que agente conhece, bem, pelo menos, você conhece todo mundo né?
- O quê? Quem que eu conheço?
- O Josh, vocês não já conversaram? – ela perguntou.
- Ah, sim.
Balancei minha cabeça e resolvi assumir meu papel de líder de grupo. Peguei meu caderno, anotei o nome das pessoas do meu grupo e comecei a anotar as idéias de todo mundo sem nem ousar olhar para o Josh.
O sinal tocou e nós não tínhamos ainda chegado á um consenso sobre o que fazer no trabalho.
Dessa vez eu não demorei pra sair, peguei meu ônibus e fui curtir minha folga no trabalho em casa.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Capitulo 5 - Como assim?

Nota: Gente, desculpa a demora!! É que eu tava muito ocupada... por isso, vou colocar o capitulo 5 inteiro!! Ah, nos próximos eu vou colocar o capitulo inteiro também!

Beijão!


Depois do banho eu desci, minha mãe estava na cozinha preparando uma comida gostosa pra gente – ela cozinha muito bem – e eu resolvi fazer a coisa mais sensata enquanto eu esperava: Liguei pra Andressa. Eu sabia que se eu não ligasse, ela iria me matar – literalmente. Disquei os números já familiares com medo, ela com certeza iria brigar comigo por ter demorado tanto, eu realmente tinha dormido demais.
- Alô? – ela falou com a voz um pouco irritada.
- Oi Déa, é...
- Letícia Fontes!! O que deu em você? – ela gritou do outro lado da linha sem me deixar falar -Por que demorou tanto? Sabia que eu estava preocupada com você? Sua mãe disse que você tava doente, eu sei que não é verdade, mas isso não vem ao caso! Quero saber por que você demorou de ligar, eu já tava quase ligando pra você! Que falta de consideração com sua amiga garota!
- Andressa, quer, por favor, calar a boca e ouvir um pouquinho? – eu gritei.
- Ah, tá, pode falar. – ela falou calmamente. Suspirei.
- Desculpa por ter demorado pra ligar, é que eu... acabei dormindo depois que eu cheguei do colégio e só acordei agora.
- Dormindo? Ummm... então tá, amanhã agente conversa ok? Boa Noite.
Ela desligou.
Fiquei olhando para o telefone, Andressa tinha desligado na minha cara? Com certeza ela estava com raiva de mim. Mas eu não ia me estressar com isso, era como minha mãe falou, o tempo cura tudo.
- Filha, o jantar tá na mesa!

O despertador tocou, eu estranhamente estava mais alerta – apesar de não ter dormido direito. Na geladeira, um bilhete da minha mãe, que já havia saído – como sempre.
“Tenha um ótimo dia”
Como de costume, quando eu cheguei na minha sala, ainda não tinha ninguém. Me dirigi até a minha carteira na frente, sentei e retirei da mochila o meu “velho” livro Anjos e Demônios e comecei a ler. Já tinha lido duas páginas quando a carteira ao meu lado foi arrastada e alguém sentou nela, esse alguém, era o Josh.
- Oi – ele falou.
Olhei incrédula para ele.
- Você está falando comigo?
- Acho que só tem você na sala né?
Olhei em volta só pra garantir que era verdade.
- Olha, - ele começou – eu sei que eu fui um pouco grosso com você ontem, mas você sabe que fez uma coisa errada, e eu aceito as suas desculpas se você pedir. – a medida que ele foi falando meus olhos foram ficando grandes.
- Como assim se eu pedir desculpas pra você? – perguntei.
- Bom, o errado aqui não foi eu. – ele falou com a cara mais inocente do mundo.
Nessa hora eu fiquei com raiva, já sabia muito bem dos meus erros para ele ficar jogando da minha cara.
- Bom, então espere sentado, porque eu não vou falar isso que você quer que eu fale! – quase gritei pegando meu livro e começando a ler de novo.
- Você me deve isso. – ele falou – vai me dizer que não é feio ler as coisas dos outros. – a medida que ele falava eu fui notando um risinho de canto de boca, parecia que ele já estava contando vitória antes mesmo de lutar na guerra. Que cara convencido!
Suspirei, tentando dissipar a minha raiva.
- Acho que seu lugar não é aí na frente.
- Ah, eu tô bem aqui, obrigado!
Não falei nada e voltei a ler meu livro.
- Sabe, eu tô esperando.... – ele falou com quem não quer nada.
- Esperando o quê?
- As desculpas!
- Eu não vou pedir desculpas!
- Ah, você vai.
- Não vou. – falei encarando ele.
- Vou fazer você pedir. – ele falou me encarando também.
- Nem me pagando eu peço. – estreitei meus olhos.
- Pede sim!
- Não peço!
- Pede!
- Não peço!
Nessa hora a porta abriu e Andressa entrou. Nós dois olhamos para ela, ela olhou para nós dois. Silêncio.
- Bom dia. – Andressa quebrou o gelo e sentou na cadeira de sempre.
- Bom dia Déa. – falei. Josh ,não disse nada e de repente se mostrou muito interessado na mochila dele.
Andressa sentou atrás de mim como sempre, ainda desconfiada de algo. Eu voltei a prestar atenção no meu livro.
Não deu dois minutos e as pessoas começaram a chegar, e com elas, um bilhete de Andressa:

Como assim?


Como assim o quê?
– Devolvi.


Como assim, como assim o quê? Você não tem nada pra me contar?


Nesse meio tempo Cristian havia chegado e sentado atrás do Josh, também desconfiado.


Eu não tenho nada pra contar.


Tem sim!!!


Procurei desesperada por uma saída. A professora de Física estava entrando na sala. Ótima saída!


Depois agente conversa Déa, a professora já chegou.


Sim senhora, dessa vez eu quero que você me explique tudo que tá acontecendo viu!!


Balancei minha cabeça. Droga, o que eu ia dizer pra Andressa? “A verdade”, pensei, “você não estava fazendo nada demais.” É, eu não fiz nada demais não é? E eu podia contar a verdade para Andressa, pelo menos a parcela dela, ainda estava proibida – a não ser para minha mãe - de contar sobre a carta... A carta. Eu quero pedir desculpas para o Josh, afinal, ele estava certo, eu fiz uma coisa errada, mas aquela cara de convencido dele... não, não vou pedir desculpas, ainda não!
As quatro primeiras aulas se passaram com Andressa não parando quieta na cadeira, Cristian olhando preocupado para ela e Josh com a cara tranqüila, prestando atenção na aula. Eu também estava prestando atenção, não era o fato de ter um menino lindo do meu lado, uma amiga nervosa atrás de mim e uma imensa culpa nas costas que iria fazer com que eu não prestasse atenção na aula. Eu acho.
Nenhum de nós falou nada, mas – infelizmente, nada é perfeito – o sinal para o intervalo tocou, e eu ia para a fogueira. Andressa me puxou “discretamente” porta a fora, nem deu tempo de ver a reação do Josh ou o que ele iria fazer, ou pra onde foi. Ian nos seguiu, aquilo que era amigo, sem nenhuma pergunta para fazer, na dele, apóia a gente sabe!
Sentamos à mesa de costume e Andressa riscou o fósforo:
- Vamos, me conta, o que foi aquilo que eu vi?
- O que exatamente você viu Andressa? – revirei os olhos.
- Como assim o que eu realmente vi Letícia?
- Déa, deixe a Lê em paz! – entrou Ian em minha defesa.
- Quem te chamou na conversa meu filho?!
Eles iam discutir por mim agora, agora que eu tava bonita...
- Deixa Ian, eu vou explicar! – falei tentando evitar a briga. Andressa olhou pra mim com cara de interessada e Ian fez a expressão “tá bom, se você quer assim”.
- Andressa Rios, no momento em que você chegou, eu estava conversando com o aluno novo – gatíssimo, acrescentei em mente, - Josh Steven. Alguma pergunta? – os olhos de Andressa brilharam, Ian balançou a cabeça, incrédulo.
- Sim, - ela falou - o que vocês conversaram?
Droga, pra que eu perguntei se ela ia perguntar alguma coisa? É óbvio que ela ia querer perguntar mais alguma coisa. Que vontade de bater no Josh, foi ele que fez isso tudo acontecer!
- Nada demais, - inventei na hora – sobre o tempo, as aulas...
- Hum – Andressa falou decepcionada. – Foi só isso?
- Sim. Posso ir comer agora? – falei já me levantando da mesa.
- Pode sim, eu não tô com fome hoje.
- Pera Lê, eu vou com você! – Ian disse levantando também.
Fiquei aliviada por ter levantado da mesa, eu estava me sentindo sufocada. Ian veio ao meu lado. Quando ficamos em uma distancia considerável da mesa onde estava Andressa, ele falou:
- Eu não sei por que, mas eu acho que você mentiu, não acho que você e o aluno novo – ele retorceu a boca – tenham apenas conversado sobre o tempo. Mas, não precisa me explicar nada não – ele falou rapidamente quando eu ia me defender – se você quer guardar esse sentimento só com você, não tem problema, eu sei como é isso. – como assim ele sabe o que é isso? – mas tome cuidado com Andressa, ela tá supercuriosa, e se você não quer falar nada com ela por enquanto, aja mais discretamente tá bem?
Só consegui balançar minha cabeça, o que mais eu ia dizer? Que ele tava errado? Não, eu não conseguia fazer isso...
Quando entramos na sala, o Josh, é claro, já estava lá, que garoto mais apressado!
Do mesmo jeito que ele foi o primeiro a chegar depois do intervalo, ele foi o primeiro a sair da sala quando o sinal tocou indicando o final da aula.
Eu, como sempre, fui a última a sair, quando fui guardar meu caderno, vi um papelzinho caído no chão, peguei e li:

Você vai me pedir desculpas :P