domingo, 7 de março de 2010

Capitulo 17 - Por favor!

Andressa foi em direção a pia e lavou o rosto. Depois pegou a bolsa dela, de onde começou a tirar vários itens de maquiagem e a jogar em cima da pia.
- Ai não Déa, você vai se maquiar? – perguntei incrédula.
- Dã, mas é claro que sim! Com esse choro todo a maquiagem se desmanchou né? – ela falou pegando o lápis de olho.
- Por favor Déa, passa só um pozinho e vamos! Do jeito que você é com maquiagem, quando sairmos daqui todos já vão estar em suas respectivas casas e dormindo! – falei jogando minhas mãos para cima.
- Ah, não exagera Lê! – ela falou agora passando blush – Mas, se é para te fazer feliz, eu só vou passar agora um batom... – ela pegou um batom e começou a passar nos lábios que imediatamente ficaram mais cheios e rosados -... e pronto!
- Obrigada né! – falei.
- Ai, vamos acabar logo com isso! – ela disse guardando tudo dentro da bolsa rapidamente e me puxando para fora do banheiro.
Mal nos perdemos pelos corredores quando encontramos o Josh.
- Lê, Déa! Eu estava procurando por vocês. Vocês demoraram, eu fiquei preocupado. Está tudo bem?
- Claro que sim! Tudo ótimo! – Déa falou com muito entusiasmo. – E aí, em que parte está o ensaio?
O Josh nos olhou confuso.
- Eu... não sei... – ele falou hesitantemente – Quando eu saí estava na parte em que Menelau declara guerra a Tróia...
Andressa sorriu.
- Ah, ótimo! – ela falou seguindo em frente – Então vamos lá terminar de ensaiar.
O Josh veio andando ao meu lado e sussurrou ao meu ouvido.
- O que aconteceu com ela?
- Nem me pergunte. – eu sussurrei de volta.
- Déa, eu acho melhor eu ir na frente, você está indo para o lugar errado. – o Josh disse quando viu Andressa entrar no corredor à direita.
- Ah, claro! – ela falou deixando o Josh passar.
Quando finalmente entramos na sala onde estava ocorrendo o ensaio todos fizeram silêncio, o Andressa dirigiu um olhar mortal ao Cristian.
- Finalmente não é! – a garota mais odiada do grupo falou. – Onde você foi buscar essas meninas Josh? No Alasca? Demoraram ein!
- Eloá, você quer fazer o favor de calar a sua boca? – falei já enjoada de ouvir aquela voz, de ver aquela pessoa e de saber que ela existia. Eu achava que ninguém superava a Grace no quesito “tirar a minha paciência”, mas Eloá ganhava com sobra.
- Me desculpe Letícia! Eu só estava brincando... – ela falou com desdém – Não precisa ficar estressada...
- Tá, tá Eloá, vamos continuar logo esse ensaio! – falei com cara de tédio pegando o meu roteiro que estava no chão, eu não via a hora daquilo terminar.
- Bom Lê, a sua parte e a da Déa já passaram, se vocês quiserem voltar... – Thiago falou, mas Andressa interrompeu.
- Não, não. Podem continuar de onde vocês estavam.
- Isso mesmo. – eu concordei.
- Tá bom, agente já passou da parte em que Paris morre...
Quando ouviu isso Andressa riu.
- Déa, o que foi? – perguntei.
- Nada não...
- Bem, continuando – Thiago falou – agente já passou da parte em que Paris morre e estava na parte do cavalo de madeira...
Andressa riu de novo.
- Déa, o que foi? – perguntei novamente.
- Nada – ela disse - é que...o Paris morre né?
- É. – Thiago falou, Andressa riu novamente.
- Qual a graça disso Andressa? – Cristian perguntou olhando para ela.
- Nada não Paris. Meus pêsames... – e ela riu novamente.
Cristian revirou os olhos e fechou a cara.
- Então, por favor, continuem de onde vocês pararam Thiago. – eu falei. E eles continuaram.
Eu os vi ensaiarem a parte em que os troianos são atacados pelos gregos, e a parte em que Menelau – Thiago - e Helena – Eloá - se reencontram, até que, finalmente, o ensaio acabou e todos foram embora. Eu, é claro, de carona com a Andressa, que ficou muito calada por todo o caminho. Ou ela estava doente, ou ela ainda estava chateada com o que tinha acontecido. Eu realmente precisava ter uma conversa séria com o Cristian.
Cheguei em casa esgotada e com dor de cabeça. Fui direto para o meu quarto, desabei na cama e mergulhei em um sono profundo e sem sonhos.

No outro dia eu acordei com uma idéia fixa na cabeça: Conversar com o Cristian. Assim que entrei na sala eu o localizei sentado conversando com o Josh e, para meu espanto, com uma Eloá toda sorridente. Fui em direção a eles.
- Bom dia Lê! – O Josh e o Cristian falaram em uníssono.
Joguei a minha mochila em uma carteira e falei diretamente com o Cristian sem responder o “Bom dia”. Aquela era a hora, pois a Andressa ainda não havia chegado.
- Ian, será que agente pode conversar? – perguntei.
Ele me olhou curiosamente.
- Sobre o quê? – ele perguntou.
- Você vai saber sobre assim que conversar comigo. – falei rispidamente. Dessa vez ele me deu um olhar de vítima.
- Aconteceu alguma coisa?
- Sim, e você sabe muito bem o quê! – acusei.
- Eu acho que não... – ele disse com cara de santinho.
- Cristian, será que dá pra você parar de ser infantil, ir até aquele canto da sala – apontei para o lugar – e conversar comigo!?
Ao ouvir o seu nome, ele imediatamente ficou vermelho e desviou o olhar.
- Eu não tenho o que conversar.
Revirei os olhos e cruzei os braços, percebi que o Josh estava olhando atentamente para mim e a Eloá sorria. Fiquei com vontade de quebrar os dentes daquele sorriso, mas me controlei.
- Ian por fav... – parei de falar quando vi a Andressa entrando na sala. Ela parou bruscamente quando viu a Eloá perto do Cristian e imediatamente amarrou a cara, passando direto e sentando duas cadeiras depois do lugar em que eu tinha colocado a mochila.
Olhei para o Cristian e murmurei rapidamente.
- Hoje. Hora do intervalo. Sala.
Ele não falou nada, mas eu sabia muito bem que ele iria fazer o que eu tinha dito. Peguei a minha mochila de onde eu a havia jogado e fui sentar perto da Andressa.
- Oi Déa, bom dia. – falei.
- Bom? Ele está ótimo... – ela respondeu olhando para frente.
- Você está bem? – perguntei.
- Tudo ótimo! – ela disse dando uma olhada de canto de olho para o Cristian e o Josh sentados perto da Eloá. Olhei também e amarrei a cara.
As aulas passaram em uma velocidade que eu só achava possível para uma lesma, mas como o tempo tem que passar, finalmente a hora do intervalo chegou.
- Vamos Lê. – Andressa falou sem emoção. Eu fingi estar pegando algo na mochila.
- Vai indo Déa, eu estou procurando uma coisa aqui... vou logo em seguida.
- Tá bom... – ela suspirou.
Olhei para o lado e o Cristian estava totalmente parado sentado em sua carteira. Esperei a sala ficar completamente vazia e fui falar com ele.
- Ian, o que está acontecendo ein? – perguntei sentando na carteira em frente a ele.
- Nada. – ele disse simplesmente. Eu suspirei.
- Ian, eu não achei certo o que você fez ontem sabe, a Déa ficou muito chateada...
Parei de falar quando ele começou a rir. Revirei os meus olhos.
- Lê, você acha mesmo que a Andressa ficou chateada! Ela é uma egoísta! Só pensa nela mesma! – ele completou - Ela pensa que é o centro do universo!
- Você está sendo injusto. – me indignei. Tudo o que ele tinha dito estava errado, a Andressa podia ser uma garota mimada e patricinha, mas nunca egoísta, disso eu tinha certeza.
- Injusto?! Lê, você sabe que... você sabe que eu... – ele suspirou e continuou – Você viu o que ela falou de mim naquela reunião, ela disse que eu não sou capaz de fazer nada! Como que eu estou sendo injusto com uma garota dessas! Eu nem acredito que eu...
- Que eu o quê Cristian? – falei – Pode deixar que eu digo a frase por você! Você ia dizer, “ eu nem acredito que eu gosto dela ” não é? Que eu a amo! Era isso que você ia falar!
Ele se rendeu, derrotado.
- É, é isso sim! Todo mundo sabe disso! Mas Lê, - ele disse me olhando – eu estou cansado de gostar de alguém que não gosta de mim, eu tenho que gostar de quem me dá valor!
Dessa vez eu ri.
- E quem disse que ela não gosta de você?
- É fácil de perceber...
- E você acha que a Eloá gosta de você? – perguntei incrédula.
Ele revirou os olhos.
- É claro que não! Mas se esse é um caminho para esquecer a Andressa, perfeito! – ele baixou os olhos. – Eu realmente gostaria que não terminasse assim... mas não há outra opção.
Eu suspirei.
- Olha Ian, ninguém pode voltar e criar um novo início, mas todo mundo pode começar hoje e criar um novo final. Por que você não muda esse final? Porque você não conversa com ela?
- Letícia, isso é impossível, eu não vou fazer isso, só que pode acontecer é mais e mais brigas... – ele se levantou – Eu sinto muito, e mais por mim!
- Ian... – tentei novamente.
- Tchau Lê, vou lanchar. – ele disse saindo da sala.
Respirei fundo e saí também.
Como as pessoas podiam ser tão cabeças duras? Tão idiotas e tão... apaixonadas? Estava mais do que na cara que se apaixonar por alguém era o fim da picada, um mergulho em um poço profundo sem fim e sem luz, a última coisa que eu faria na vida. Quando eu vi Andressa na cantina sentada sozinha em uma mesa e com cara de enterro, eu só tive certeza do que eu tinha pensado.

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