sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capitulo 8 - Vacilos...

Depois de um mês passado, as coisas não mudaram muito.
As brigas constantes de Cristian e Andressa, os mesmos professores, mesmas aulas, e eu e o Josh tínhamos evoluído, agora nós trocávamos pelo menos um “Bom dia”, ele já falava normalmente com a maioria do povo da sala, mas quem é que não falaria? Ele é espontâneo, legal, brincalhão, divertido, bonito... e idiota claro! Minha mãe continuava chegando tarde do trabalho e nos dias de folga dela nós aproveitávamos ao máximo! No trabalho, nem é preciso dizer que a Grace continuou asquerosa como sempre.

Quando eu cheguei na escola, já havia algumas pessoas na sala. Sentei no meu lugar de sempre.
- Bom dia. – Josh murmurou secamente.
- Bom dia. – Respondi.
Logo depois Cristian chegou seguido de Andressa. Conversamos um pouco e a professora Manuela, de história, entrou na sala com uma cara de decepção.
- Eu não acredito que já se passou um mês e vocês não fizeram nada ainda sobre o trabalho...
A sala ficou em silêncio, todos haviam esquecido o trabalho de história sobre a Guerra de Tróia que a professora tinha passado.
Mariana pediu a palavra.
- Ah professora, foi mal, é que o trabalho ainda tá longe sabe, então nós relaxamos.
Toda a sala concordou.
- Certo Mari, tudo bem, mas agora vocês têm só um mês para fazer esse trabalho, e eu falei que eu quero ele perfeito! – A professora falou.
- Tudo bem professora. A senhora está certa, então, libera a aula de hoje pra gente se reunir? – Bruno falou.
- Tudo bem, e vamos ao trabalho!
O meu grupo se reuniu: Andressa, Cristian, Cristiano, Eloá, Fernando, Thiago e o Josh.
- Gente, vacilamos com a pró... – Eloá falou.
- É mesmo, mas pô, ela deu dois meses pra fazer esse trabalho!
- É, mas agora nós temos que focar no trabalho, certo? – falei.
- Verdade... e aí, o que nós vamos fazer?
- Eu sugiro um desfile com a moda da época! – Andressa falou toda sorridente. Todos fingiram que não tinham ouvido.
- Agente podia fazer um seminário! – Thiago sugeriu.
- Quem sabe reproduzir um filme da Guerra de Tróia? – Cristiano falou
- Sim, mas com que equipamento? – Cristian perguntou.
- Ah, eu tenho uns equipamentos lá em casa, – Cristiano disse – eu comprei uma câmera recentemente e tem microfone e tudo!
- Sim, mas e os efeitos especiais? Não é fácil fazer isso não!
A discussão se estendeu pelos dois horários de história e não conseguimos chegar em nenhum consenso.
- Gente, por favor, agente tem que decidir logo isso, a aula já vai terminar, e agora agente só tem um mês pra fazer tudo! – falei desesperada.
- Não precisa nervosismo Letícia, acho que agente precisa é de mais tempo de discussão... que tal hoje lá na minha casa?
É claro que eu toparia de boa vontade, se não fosse o Josh que tivesse dito a frase. Não, eu não podia ir à casa do Josh, eu já tinha invadido a privacidade dele lendo a carta, se eu fosse pra casa dele, eu não ia ter coragem nem de pedir uma água!
- Claro! Ótima idéia Josh! – Fernando falou. – onde fica sua casa?
- Ei, espera, eu não posso ir. – arregalei meus olhos quando vi que eu tinha dito aquilo. Todos olharam para mim.
- E por que não? – Eloá perguntou.
- Porque... – pensa rápido, ah, hoje é segunda! - eu tenho estágio hoje! – ver a Grace nunca me deixou tão feliz!
- Ah, que pena... agente pode marcar um outro dia então...
- É, pode ser amanhã lá na minha casa mesmo, não tem problema nenhum. A não ser que Letícia tenha que trabalhar amanhã também. – Josh falou, todos olharam pra mim. Droga!
- É... claro... amanhã... sem problemas!
- Então tá combinado. Amanhã, às três horas?– ele disse feliz.
- Claro! Josh, fala pra gente onde fica exatamente sua casa!
- Bom... – Enquanto o Josh passava as coordenadas para a galera, eu matutava um jeito de não ir a casa dele. “Que tal me fingir de doente? Uma gripe muito forte? Não, nada convincente... Engessar minha perna! Mas nenhum médico vai engessar uma perna sem problemas... Bom, eu posso cair de verdade. Não, isso já é demais...”.
Enquanto eu tava absorta em pensamentos, o sinal tocou me trazendo de volta a realidade.Todo mundo foi para o seu lugar e resolvi ir também. A próxima aula era de Química.
- Lê, a casa do Josh é meio longe... não se preocupe, eu vou te dar uma carona. – Andressa falou.
- Mas eu não pedi carona Déa. – Já que eu ia encontrar um jeito de não ir à casa do Josh, eu não ia precisar de carona.
- Mas eu vou dar mesmo assim! As duas e meia eu vou estar lá, e vê se não se atrasa dessa vez!

Quando eu estava indo para o trabalho, eu tive a sensação de estar sendo seguida novamente, eu realmente devo estar paranóica, tenho que parar de ouvir aquela música dos Jonas Brothers, Paranoid. Eu realmente não sou fã dos Jonas Brothers, mas o refrão dessa música vicia!
Eu já não estava mais contente de ter de ver a Grace hoje, a minha idéia genial não tinha adiantado, e agora nada além do fato de eu gostar muito da loja e da maioria das pessoas nela, me atraía.
Quando eu entrei na loja, Aline veio falar comigo com o rosto estampado de preocupação.
- Lê, se eu fosse você me preparava viu, porque a Grace tá doida pra falar com você!
Ah, eu mereço! Revirei meus olhos.
- Valeu pelo toque Line.
Só foi o tempo de eu trocar de roupa e guardar minhas coisas, a Grace me localizou como um caçador localizando uma presa e veio falar comigo. Não deu nem tempo de fugir.
- Olá garota!
- Oi Do... – me corrigi quando vi o olhar dela – Grace.
- Nossa, por um momento eu pensei que você ia me chamar de Dona!
- Não, claro que não!
- Bom, eu sei que dia de terça-feira você não trabalha, mas eu acho que vou precisar de você amanhã... ok?
Meus olhos se iluminaram, eu senti um forte impulso de dar um beijo naquela bochecha tão linda dela, mas a razão venceu e eu permaneci onde estava.
- Claro, pode contar comigo Grace!
Ela me olhou desconfiada.
- Por que você ficou tão feliz assim?
- Eu? Quê? Nãaaaao... – eu não podia mostrar felicidade, ela não gostava da felicidade dos outros, se eu ficasse feliz por ter que trabalhar amanhã, ela iria retirar tudo o que tinha dito. – Não há nada pior do que trabalhar num dia que você não tem que trabalhar, é realmente muito horrível sabe, eu tinha até um compromisso amanhã, mas acho que vou ter que desmarcar não é mesmo...
Parei por ali quando percebi que estava falando demais.
- Isso mesmo, desmarque. – Ela falou ainda desconfiada. – E já de volta ao trabalho.
- Sim senh.... quer dizer, sim! – Eu mal podia acreditar que eu não ia ter que ir à casa do Josh.

No outro dia, o ônibus acabou atrasando, e eu também. Entrei na escola correndo, quando eu fiz a curva do corredor esbarrei em alguém e caí do chão.
- Opa, me desculpe! – quase gritei lá do chão.
Eu olhei para cima e entrei em choque, além de eu estar atrasada para a aula de geografia – matéria que eu sou péssima -, eu TINHA que esbarrar logo no Josh! Que vacilo! Ele estendeu a mão para me ajudar ao mesmo tempo em que falava com a sua voz calma e um sorriso no rosto:
- Então, finalmente você me pediu desculpa...
- Eu... O quê?... Como assim? Eu não pedi...
- Pediu sim.
- Não pedi.
- Pediu.
- Não.
- Pediu e eu acho que esse chão é meio desconfortável não? – Quando ele falou isso eu voltei para o mundo real. Eu estava mesmo no chão, e atrasada para a aula.
- Ai meu Deus, eu estou atrasada para a aula. – falei tentando levantar sem pegar na mão dele. Ele revirou os olhos e me ajudou me levantando pelo braço do mesmo jeito. Eu senti um choque elétrico quando ele me tocou, mas eu fingi que não senti.
- Não está atrasada, o professor não veio hoje, as duas primeiras aulas estão vagas.
Quase não acreditei quando ele disse isso. Acho que alguém derramou um pote cheinho de sorte na minha cabeça.
- Ah, então... tá. – Falei, já indo para sala guardar as minhas coisas.
- Espera Letícia.
Olhei para ele espantada.
- Sim?
- Bem, agora que você me já me pediu desculpas...
Ai, que raiva!
- Garoto, se toca! Eu não pedi desculpas pela... – na hora de falar a palavra carta, eu não consegui. Ele estava certo e eu errada, mas eu não ia deixar ele sair vitorioso assim tão fácil. – pelo que aconteceu, e sim porque eu esbarrei em você!
- Posso continuar?
Revirei os olhos.
- Pode.
- Acho que desde o início do ano, agente não tem se dado muito bem, então, que tal agente começar do zero?
- Como assim?
- Bom... Oi, meu nome é Josh Steven, sou novo na escola e você? – Ele falou isso e estendeu a mão.
Eu olhei para a mão dele e para o seu rosto, desconfiada, pra ver se era algum truque, mas aparentemente não era.
Eu não podia fazer uma amizade com ele. Como eu poderia ter amizade com uma pessoa que eu invadi a privacidade? Mas eu queria isso, muito. Por mais que o Josh fosse um idiota convencido, ele também era bonito, legal e divertido, com certeza seria uma dessas amizades que durariam para sempre, assim como é com Andressa e Cristian.
Eu estendi a mão e apertei a dele.
- Oi, Meu nome é Letícia Fontes, estudo aqui desde a quinta série. Seja bem-vindo ao colégio.
- Obrigado!
Ele deu um sorriso do tamanho do sol, com a intensidade do sol, com o brilho do sol e tão lindo quanto o sol. Eu fiquei meio tonta.
- Bom, acho que... eu vou... guardar as minhas coisas. – Sai tropeçando do local e entrei na sala. Não tinha quase ninguém, na certa todos aproveitando os horários vagos. Fui direto para minha cadeira e tinha um bilhete cor de rosa lá.

Lê,
Eu e o Ian estamos na biblioteca, beijão mi amore !
Déa s2.


Coloquei minhas coisas em cima da cadeira e fui direto para a biblioteca.