quarta-feira, 24 de junho de 2009

Aconteceram muitas coisas ao mesmo tempo. Andressa imediatamente apertou meu braço com as mãos e murmurou.
- É ele!
Depois disso foi uma sucessão de suspiros e exclamações pela sala, houve barulho de vários lápis caindo. A professora fingiu que não ouviu e continuou a chamada.
- Letícia Fontes.
Eu estava tão impressionada que não ouvi a professora me chamar.
- Letícia Fontes!
Andressa me deu um cutucão e me passou um bilhete.
- P-presente! – reclamei comigo mesmo por ter gaguejado, torci para ninguém ter reparado. A professora continuou a chamada “Mariana Prado”. Olhei o papelzinho que Andressa passou para mim.

Josh Steven!!! Isso é nome estrangeiro! Será que ele veio dos Estados Unidos?

Revirei meus olhos, isso era meio óbvio para se perguntar mas levei em consideração o fato dela estar impressionada – assim como eu.

Bom, pelo nome é sim né!

Passei o papelzinho pra ela. Depois de um momento ela me devolveu.

Já é lindo, tem um nome lindo, uma voz linda, aiaiai.... você ouviu os suspiros e as coisas caindo?!

Só balancei minha cabeça afirmativamente e fiz sinal para ela apontando para a professora, a aula já iria começar. Ela fez que sim com a cabeça e voltou a prestar atenção na aula.
Dessa vez o tempo demorou a passar, isso era estranho, geralmente a aula de Inglês era a mais rápida de passar.
Finalmente, o sinal tocou e todos levantaram para ir embora. Eu demorei um pouco tentando colocar um caderno teimoso na mochila. Andressa e Ian se despediram de mim e eu murmurei um “até logo” para eles. Quando finalmente consegui colocar o caderno na mochila, percebi que não tinha mais ninguém em sala. Suspirei, com certeza iria perder meu ônibus. Já estava saindo da sala quando vi um livro verde no chão. Na capa, destacado em vermelho “Peter Pan“ e logo acima de preto, o autor “J. M. Barrie“.
Abaixei e peguei o livro, percebi que havia o desenho de um menino bem sapeca na capa, um navio ao fundo, e uma sombra que parecia ser de uma fada. Com certeza um livro que chamava atenção e dava vontade de ler. Apesar de ser um livro muito comum de se ler e que já tinha um filme – que eu já havia assistido -, eu nunca tinha lido ele, um milagre, já que eu leio muito.
Abri o livro para ver se tinha o nome do dono e lá estava escrito.

Esse livro pertence ao futuro Peter Pan, curioso para saber meu nome? Pois bem, lá vai... EU! Peter Pan Júnior.

Tá, com certeza esse livro era de algum sonhador, mas o que estava escrito lá não me ajudava a achar o dono, então sentei em uma cadeira e comecei a folhear o livro, até que eu encontrei um papel dentro dele, parecia uma carta. Eu pensei se deveria abrir ou não, isso era uma completa falta de privacidade e com certeza eu não iria querer que lessem uma carta minha, mas por outro lado, o que quer que estivesse escrito lá poderia me ajudar a saber quem era o dono do livro.
Me segurando no pensamento de que eu queria saber quem era o dono do livro e não que eu estava curiosa, abri o papel e comecei a ler.

Josh,
Eu ia embora sem falar nada, mas resolvi dar uma espécie de explicação para você e algumas - por falta de palavra melhor - recomendações. Aconteceu alguma coisa estranha comigo cara, eu não disse nada antes e não posso dizer ao certo agora, mas saiba que eu estou bem apesar disso. Eu não estou doido – apesar de ser um pouco as vezes, você sabe -, eu não estou magoado ou chateado com ninguém, só preciso de um tempo para mim.
Com certeza você vai sentir minha falta, você não vive sem meus conselhos e sem minhas dicas de paquera, mas pode ter certeza assim que eu conseguir controlar que eu vou voltar - e espero que muito em breve – para fazer aquelas apostas com você e com certeza te explicar tudo.
Não fique triste comigo, não deixe a nossa querida mãezinha ficar triste também.
Olha, como prova de que eu vou voltar vou deixar o meu livro do Peter Pan – da nossa infância, lembra? – na sua mão - é EMPRESTADO, ou seja, não risque nem faça maldades com ele, ele é muito importante para mim! – para depois, quando eu voltar, você me devolver.

Vou ficar com muitas saudades suas cara!
Do seu melhor amigo e irmão,
Esmond.

Obs: Eu falei sério, toma conta do livro!

Mesmo terminada a carta, eu não conseguia parar de olhar para ela. Várias perguntas começaram a surgir na minha cabeça. Quem era Esmond? Por que ele foi embora? Qual era o problema que ele tinha? Por que ser tão pegado a esse livro?
Apesar de ter muitas perguntas, eu já tinha a resposta da primeira pergunta que eu fiz assim que vi o livro. Não tinha mais dúvidas, o livro era do aluno novo que arrancou suspiros de todas as garotas, Josh.

Nota da autora: na parte da carta á um grande espaço entre uma palavra e outra, se você selecionar essa parte vai ver que tem uma coisa escrita. Isso na verdade é como se o Esmond tivesse começado a escrever algo mas tenha apagado (como quem escreveu demais), escrevendo outra coisa depois.
Espero que estejam gostando da história, beijos!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ele entrou de cabeça baixa, sem dizer nada. Foi sentar -se na última cadeira da primeira fileira, pegou um livro da mochila – que eu não consegui ver qual era -, jogou-a no chão e começou a ler.
Depois de observá-lo eu balancei minha cabeça e resolvi me concentrar no livro que eu estava lendo. Estava tão entretida lendo que nem percebi que, aos poucos, as pessoas estavam chegando. De repente, alguém arrancou o livro da minha mão, era Andressa.
- Lê, você vai acabar ficando maluca de tanto ler sabia?!
Eu já ia dar uma resposta malcriada á ela – eu odiava quando diziam que eu ia ficar maluca de tanto ler – quando Ian, que estava ouvindo tudo, interrompeu.
- Então você leu muito na sua infância né Déa? Sabia que tinha algum motivo por trás da sua maluquice! – Ian brincou.
Eu tive que me esforçar muito para não rir, mas não precisei fazer isso por muito tempo porque Andressa respondeu.
- Escute aqui senhor Cristian – Ian congelou ao som do seu nome – com certeza não sou tão maluca quanto você que fica babando feito um bebê quando vê uma mulher bonita! – ela terminou.
Ian ficou vermelho como um tomate e foi sentar em seu lugar – na fileira ao lado uma cadeira atrás de mim. Andressa devolveu meu livro e sentou, também ficando vermelha, na mesma fileira que eu, atrás de mim.
Com certeza Andressa ainda estava chateada do episódio de ontem então, resolvi não fazer nenhum comentário e vi o professor de matemática, João Paulo, entrar.
Os quatros primeiros horários se passaram bem rápido e já era a hora do intervalo. Assim que o sinal tocou, Andressa me puxou para a cantina, Ian nos seguiu timidamente. Eu estava morrendo de fome porque não tinha tomado café direito então comprei um cachorro quente e um copo gigante de suco de laranja, Andressa comprou um sanduíche natural e Ian não comprou nada.
Sentamos todos juntos em uma mesa e Andressa começou a tagarelar.
- Então Lê, já viu os alunos novos?
Quase engasguei com o suco de laranja que estava tomando Ian amarrou a cara. Resolvi não mentir e desabafei.
- Umm... na verdade vi sim, um aluno novo. Ele sentou lá no fundo.
- Aaaaa... é aquele que eu te falei quando fui lá na sua loja Lê! Ele não é lindo?
- Claro, claro. – respondi automaticamente e continuei a comer o meu cachorro quente.
- Eu gostaria de poder saber o nome dele, até agora nenhum professor fez a chamada! – ela continuou a falar indignada. – Mas deixa estar, hoje mesmo vou saber o nome dele e sabe porque? – ela me perguntou.
- Hã... Não tenho a mínima idéia. – respondi me concentrando no cachorro quente.
- Porque agora é a aula da professora de Inglês, e ela sempre faz a chamada!
- Aham – respondi.
A nossa professora de Inglês, Rebeca, nunca, desde quando nós somos alunos dela, deixou de fazer a chamada.
O sinal tocou e nós nos dirigimos a sala. Dessa vez prestei mais atenção, realmente tinha alguns alunos novos por lá, alguns bonitos e o bonitão, que já estava sentado no seu lugar quando entramos lendo o mesmo livro de quando chegou. A professora entrou e todos sentaram nos seus lugares e - dito e feito – ela fez a chamada pela primeira vez desse ano.
- Andressa Rios.
- Presente – Déa respondeu.
- Bruno Marconi!
- Aqui fessora.
- Cristian Monteiro!
Ian gemeu um “presente“. Nessas horas ele não podia escapar do seu nome verdadeiro.
No decorrer da chamada reconheci muitos dos nomes e outros, nunca tinha ouvido. Eu percebi que a cada nome que era pronunciado, Andressa olhava em volta para ver quem era.
- Josh Steven!
Uma voz calma e forte respondeu.
- Presente.

domingo, 21 de junho de 2009

Capitulo 2 - Carta do melhor amigo

Mal cheguei em casa, ouvi o telefone tocar. Corri para atender.
- Alô?
- Oi Lê, é a Déa.
- Oi Déa – respondi com um sorriso no rosto.
- Nem deu para agente conversar, aquela insuportável da sua chefa...
- Eu sei amiga, nem me fale – respondi indo me sentar no sofá que ficava perto do telefone. Não sei porque, mas estava sentindo que essa conversa ia ser longa.
- Você viu a reação do Ian quando á viu?
- Vi sim amiga, mas não se preocupe não, todos os meninos ficam assim quando estão perto dela. – tranqüilizei-a.
- Pois é... ela se acha né?! Mas nem ligo, pra mim o que vale mais é o que a pessoa tem por dentro, não o corpo. E os meninos são muito idiotas de só se importarem com isso. E outra coisa, se o Cristian – ela falou o nome dele agressivamente – quer ficar lá babando por aquela sua chefa lá, não estou nem aí. – terminou ela com um pouco de mágoa na voz.
Eu queria falar várias coisas a ela, de como ela estava perdidamente apaixonada por ele e nem sequer se tocava disso, que ele também era apaixonado por ela e ela não sabia, mas resolvi fingir que não ouvi o ressentimento por trás da sua voz e me limitei a concordar.
- Isso mesmo amiga.
- Bom, deixando de lado os meninos idiotas, vamos falar dos meninos bonitos agora.
- Claro, claro. – revirei meus olhos.
Eu realmente não ligava muito para esse negócio de meninos, quando a Déa falava sobre isso, eu escutava mais do que fazia qualquer outra coisa, isso porque até hoje nenhum menino demonstrou nada além de amizade por mim, e eu realmente nem queria isso.
Me forcei a prestar atenção no que a Déa dizia.
- Letícia minha filha, esse ano eu estou adorando, tem muitos, mais muitos meninos novos gatos. Só lá na nossa turma tem uns três eu acho, nas outras tem mais.... aiai. – ela fez uma pausa – tem certeza que não reparou em nada?
- Tenho sim Andressa, juro que não. Você me conhece, não ligo muito pra esses negócios não...
- Não liga ainda Lê, porque eu ainda vou conseguir te mudar, a vou!!!
- Ai meu Deus que medo – brinquei.
- É pra ter medo mesmo, porque vai ser uma reforma geral!
Continuamos por mais uns 15 minutos a nossa conversa - onde eu ri muito – e falei pra Andressa que iria desligar porque já que o colégio estava cheio de gatinhos, não iria querer aparecer amanhã com calos nas orelhas. Ela riu do meu argumento disse um “boa noite” e “até amanhã” depois desligou.
Coloquei o telefone no gancho, peguei minha mochila que estava no chão encostado no sofá e subi para o meu quarto. Larguei a mochila no chão ao pé da cama, fui ao banheiro, tomei um banho, vesti meu pijama e desci para a cozinha. Peguei dois pães, passei manteiga, preparei um achocolatado, coloquei tudo para dentro e fui dormir dando graças a Deus por não ter atividades para entregar, por amanhã ser outro dia e que o dia de hoje já estava acabando. Verifiquei o despertador do meu celular, fechei meus olhos e dormi quase instantaneamente.
A noite foi tranqüila, sem sonhos.

Quando meu despertador do celular tocou, eu relutei um pouco em abrir os olhos, estava morrendo de preguiça. Mas depois eu lembrei que iria rever meus amigos então, levantei rapidamente, tomei banho, vesti uma calça jeans e a farda do colégio, peguei minha mochila e fui para a cozinha. Estava sem fome, então peguei só uma maçã e saí.
Cheguei ao colégio bem cedo, não tinha quase ninguém na entrada ou na cantina. Resolvi ir logo para a minha sala esperar a Andressa e o Cristian por lá.
Subi as escadas e abri a porta da sala. Ninguém. Me dirigi ao meu lugar de sempre – na fileira do meio uma cadeira trás da primeira - e peguei um livro que estava esquecido dentro da minha mochila Anjos e Demônios e quando ia começar a ler ouvi o barulho da porta se abrindo.
Entrou por ela um garoto que eu não conhecia com a pele bronzeada, cabelo marrom dourado, quase cor de mel. Ele usava uma calça jeans folgada, a camisa da escola e um casaco cinza por cima. De tirar o fôlego.

sábado, 20 de junho de 2009

- Milagre! A dona moça resolver chegar na hora certa né? - ela me recebeu com ironia - Se bem que faltando um minuto para a hora do expediente não é grande coisa!
- Boa tarde para a senhora também D. Grace! – eu retruquei.
- Cruz credo garota!! Dona! Pelo amor de Deus, eu já te falei milhões de vezes para não me chamar de dona! – ela disse. – Vai trabalhar vai, tem muita coisa para você fazer hoje!
Ela foi em direção a um grupo de garotas que estavam em dúvidas sobre que Cd comprar.
Eu suspirei, fui guardar a minha mochila que tinha atrás do balcão e comecei a lembrar dos meus bons tempos nessa loja, ou seja, quando a Grace ainda não era minha chefa.
Na verdade, a minha antiga chefa se chamava Simone, ou melhor, Simoninha, ela era muito amorosa e compreensiva comigo, um pouco baixinha, tinha longos cabelos que sempre mudava de cor – ela adorava pintar os cabelos – e não tinha um estilo, só usava roupas que ela via no armário e ficava com vontade de usar. Ela me deixava ficar ouvindo CD’s das bandas que eu gostava no meu walkman – sim, eu ainda tinha esse objeto pré-histórico - quando não tinha muita coisa para fazer e me dava altos conselhos sobre a vida. Ao contrário da Grace, que era muito mandona e incompreensível, era alta mas mesmo assim sempre usava um sapato alto com o salto fino, tinha um corpo escultural e só usava jeans apertados e camisas decotadas. Todos os meninos que entravam na loja ficavam babando por ela, e ela adorava isso. Grace, nunca me deixava ouvir Cd’s porque sempre arranjava algo para fazer como arrumar as prateleiras, contar quantos Cd’s ou DVD’s que haviam chegado, se tava tudo certo...
O dia em que Simone me disse que teria de vender a loja para outra pessoa foi muito triste, ela precisava do dinheiro para pagar umas dívidas que tinha e ir morar no Rio de Janeiro com o seu recém marido Paulo. Mas o bom disse tudo é que ela se mostrou ser realmente minha amiga, sempre ligava para perguntar como eu estava, se a minha nova chefa estava sendo legal comigo... é claro que eu mentia sobre a minha “nova chefa”, dizia que ela era muito amigável comigo. Eu mentia porque Simone ficou muito agradecida por Grace continuar a deixar a loja vender Cd’s, ter mantido o nome da mesma e, é claro, por ter deixado eu continuar no meu emprego assim como os dos outros funcionários.
Balancei a cabeça e fui cuidar dos meus afazeres – que eram muitos. Conversei sobre o meu dia com a Aline, uma garota que era bastante tímida e amigável - tinha mais ou menos a minha idade – e atendi várias pessoas. Eu olhei para o relógio, faltava uma hora para terminar meu expediente. Estava sem fazer nada quando alguém chegou por traz de mim tampando os meus olhos.
Era Ian e Déa, eles sempre vinham me visitar quando eu estava trabalhando.
- E aí moça!!! – cumprimentou Ian.
- Oi gente! – respondi sorridente.
Déa estava logo à frente do Ian.
- Amigaaa, nem deu pra gente conversar direito, quando o sinal bateu você foi logo embora....
Ela fez uma carinha triste no final.
- É Déa... mas é porque se eu demorasse muito, com certeza iria perder meu ônibus e eu não estava afim de ficar um tempão esperando outro, e além disso, eu poderia chegar atrasada no trabalho e – acrescentei mais baixinho – eu com certeza não iria agüentar outra reclamação da minha querida chefa né!
- Vixi amiga, esqueci desse detalhe maaaaas, mudando de assunto, você viu os alunos novos que chegaram? Meu Deus, hiperventilei!!
- Pronto, vai começar esse papo... – Ian começou a reclamar com cara feia.
- Não vi não amiga! – respondi rindo.
- Pois bem minha filha, tem um que, assim, tinha o cabelo cor de mel, com a pele bronzeada, um físico que Ave Maria!!!
Eu arregalei meus olhos.
- Mentira amiga, eu não percebi.
- Aham – alguém interrompeu. Era a minha querida chefa Grace.
- A conversa tá boa dona Letícia, mas tem trabalho esperando por você!!
Eu não respondi e revirei meus olhos automaticamente, dei graças a Deus pela Grace já estar de costas, indo para o outro lado e não ter me visto.
- Hã.... amiga, depois eu te ligo pra agente continuar a conversa eu e Ian vamos embora. Vamos Ian.
Ele não respondeu.
- Ian?
Nós duas olhamos para ele. Ele estava de boca aberta olhando para as costas da Grace, ou melhor, para a parte traseira.
- IAN!!!!!!! - Déa gritou indignada.
Com aquele grito ele pareceu voltar a si.
- O que aconteceu???
Déa balançou a cabeça e arrastou Ian para a porta.
- Tchau Lê! – Ian exclamou.
Eu acenei para os dois e suspirei, só teria de agüentar mais uma hora de trabalho e poderia ir para casa. Se eu realmente não precisasse de dinheiro para comprar as minhas coisas, nem estaria mais trabalhando aqui. Atendi mais alguns clientes e suspirei aliviada quando vi que já eram sete horas da noite. Fui o mais rápido que pude para o balcão e peguei minha mochila, não queria falar com a Grace mas percebi que ela me acompanhava pelo canto de olho. Dei um tchauzinho para Aline e fui para rua. Agradeci mentalmente ao vento que bateu no meu rosto me dando uma sensação de liberdade.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O resto do dia passou calmamente, eu revi todos os meus colegas, rimos juntos... enfim foi um dia muito feliz pra mim. Foi, no passado, porque o dia passou bem rápido e , nem sei como, já era 12:30 e eu estava saindo da escola e indo para casa.
Fui ao ponto, peguei o ônibus e cheguei em casa.
A casa em que eu morava era simples mas muito bonita, as paredes do lado de fora era de um amarelo loiro, havia um pequeno jardim que eu cuidava para passar o tempo com uma enorme árvore em que eu me recostava e ficava lendo os meus livros. Dentro da casa, os móveis não eram todos novos, mas eram coisas que com certeza tinha alguma tecnologia envolvida – consequências desse mundo globalizado e capitalista.
Olhei em volta por puro hábito, mas como sempre, não tinha ninguém a essa hora.
Minha mãe trabalhava muito, saiam cedo e chegavam tarde, quase nunca a via, então geralmente eu ficava sozinha em casa e, para ajudar a minha mãe, eu limpava tudo e fazia a comida quando dava. Sempre que eu fazia isso ela deixava um bilhete na geladeira dizendo que muito obrigada e que me amava muito apesar de pouco nos vermos. Meu pai eu nunca conheci, ele abandonou minha mãe quando descobriu que ela estava grávida, na época os dois tinham 16 anos, assim como eu tenho agora.
Eu ainda estava feliz pelo dia maravilhoso que eu tive, mas minha felicidade logo se esgotou quando eu lembrei que hoje eu tinha que ir trabalhar. Subi as escadas pro meu quarto e larguei a minha mochila na cama.
O meu quarto não era grande, mas também não pequeno, eu sempre digo que o meu quarto tem o tamanho suficiente para mim. A parede tem a cor lilás, o meu computador fica em um canto perto da minha janela, a cama de solteiro é bastante confortável para mim e no meu guarda roupa não tinha muita variedade de roupas já que geralmente eu só uso calça jeans e camiseta. Eu tinha também um aparelho de som, todos os meus CD’s estavam em volta dele. Eu tive que agradecer o meu grande estoque de Cd’s a loja em que eu trabalho. Fiquei com raiva quando lembrei – novamente - que iria trabalhar.
Me olhei no espelho. Eu parecia com a minha mãe, cabelos negros, pele morena, olhos castanhos escuros. Eu tinha certeza que tinha alguns traços do meu pai, isso porque minha mãe sempre dizia que o meu sorriso era igualzinho ao dele.
Balancei a cabeça e fui à cozinha preparar algo para comer. Fui na geladeira, abri o freezer e peguei uma pizza pronta, tirei da embalagem, coloquei em um prato e enfiei no microondas. Quando a pizza ficou pronta, eu a comi rapidamente e lavei os pratos. Parei um momento me lembrando sobre o que eu teria que fazer – tomar banho!
Subi as escadas e fui direto ao banheiro, liguei o chuveiro na água quente, ela me fez relaxar. Fiquei por alguns minutos debaixo da água e resolvi sair, precisava saber as horas já que hoje eu tinha que trabalhar, eu não queria me atrasar, mais uma vez.
Me vesti e olhei o relógio, quinze para as três da tarde, estava com certeza atrasada. Droga, droga dupla!
Fui rapidamente para o meu quarto, peguei a minha mochila e desci as escadas, quando cheguei lá embaixo peguei minhas chaves e saí, batendo a porta. Fui quase correndo em direção ao ponto de ônibus e, assim que eu cheguei, por sorte, o ônibus que servia para mim chegou. Suspirei aliviada, entrei nele, paguei o cobrador e fui sentar em um dos bancos.
O ônibus estava bem rápido e em menos de 10 minutos cheguei ao meu destino, loja Fratella Cd’s e DVD’s.
Eu trabalhava aqui desde o final do ano passado, três vezes por semana das quinze às dezenove horas e nunca entendi o nome dessa loja, nem mesmo a dona ou a ex-dona sabia o porque desse nome, o importante é que essa era a loja do momento, fazia o maior sucesso por vender os CD’s que estavam nas paradas, das melhores bandas e cantores... enfim, não importava de quem você era fã, o importante é que, com certeza, o Cd estaria aqui.O melhor dessa loja era a variedade de estilos.
Respirei fundo e entrei na loja, com certeza devo ter entrado com o pé esquerdo ao invés do direito porque quem me recebeu foi a minha chefa Grace.

domingo, 7 de junho de 2009

Capitulo 1 – Depois das férias

Era o primeiro dia de aula no colégio depois de longas férias, férias essas que, na minha opinião, foram horríveis porque eu tive que ficar o tempo todo sozinha. Eu estava feliz por voltar às aulas porque assim eu teria algo pra fazer pela manhã já que á tarde eu trabalhava. Na verdade não era bem um trabalho e sim um estagio, estagio esse que cada dia se tornava insuportável! Balancei a cabeça tentando esquecer que teria de ir trabalhar essa tarde... saco!
Estava feliz também por que eu iria voltar a ver os meus amigos todos os dias porque, nas férias, todos viajaram – menos eu - e o máximo de contato que nós tínhamos era por telefone.
Quando eu entrei no colégio, eu nem tive tempo para respirar.
- Letícia!!!!! – gritou minha melhor amiga.
- Andressa, que saudade amiga!
Andressa me abraçou e eu retribuí o abraço. Ela tinha longos cabelos ruivos e usava uma calça apertada com a camisa do colégio. Eu realmente estava com saudade daquela irresponsável e maluquinha da Déa. Ela era uma das pessoas em que eu não pude ter contato, ela viajou com os pais.
- Nossa, eu também estava com muitas saudades suas, não via a hora de sair daquele fim de mundo! – falou ela com uma cara de tristeza
- O que? Não gostou de viajar? – eu perguntei surpresa.
- Claro que não né Lê, parece até que você não me conhece. Imagine eu, linda e maravilhosa com as minhas roupas de marca, acampando no meio do mato. Não mesmo!!
Eu ri.
- Claro, claro. Esqueci desse detalhe...
- Aiai, estou tão feliz por ter voltado, eu voltei ontem então, fui direto pro shopping né, nem passei em casa! Eu tinha que dar uma purificada em mim, desintoxicar minha alma, tava precisando! Mas me conte, como foram suas férias? – ela perguntou.
- Há! Foram... legais! – eu não queria estragar a felicidade dela dizendo como as minhas férias foram chatas, ela estava feliz por ter voltado, e eu feliz por ela estar de volta, não era preciso acrescentar mais nada nisso.
Ela franziu a testa com cara de preocupada e já ia falar alguma coisa quando outra pessoa gritou nosso nome.
- Letícia, Andressa!
Era Cristian, ou melhor, Ian já que ele não gostava do nome de batismo. Ele era um pouco alto e magro, usava um jeans surrado e um casaco preto por baixo da camisa da escola. Ele era um menino muito bonito, mas as garotas preferiam os musculosos da escola.
- Oi Ian! – disse Déa.
Só para provocar eu o chamei pelo nome que ele não gostava.
- Oi Cristian!
- Olhe dona Letícia, se você me chamar novamente de... desse nome aí, eu juro que não falo mais com você e não te empresto mais nenhum dos meus livros!! – disse ele, bravo comigo.
Eu ri.
- Brincadeira Ian, era só pra te perturbar um pouquinho.
- Sim senhora, quando fala de livros, você se interessa logo né?
Eu resolvi me fazer de desentendida e mudei de assunto. Já não era dúvida de ninguém que eu amava ler, mesmo não sendo esse o motivo da brincadeira.
- Eu estava aqui conversando com Déa sobre as férias, como foram as suas?
- Ah, foram bem legais, eu fui para o interior, andei de cavalo e tudo!
- Há! Mentira, você andando á cavalo! Você não sabe nem montar em um poney – Déa retrucou.
- Vem cá sua paty, eu sou você por acaso? – Ian respondeu.
- Se enxerga garoto, você acha que eu não sei andar á cavalo?! – disse Déa.
- Acho não, tenho certeza! – retrucou Ian.
- Mas é claro que eu sei! – Déa falou, indignada.
- Aham, vou fingir que acredito.... – Ian debochou.
Eu suspirei e sorri, eu realmente estava com saudades daquelas briguinhas entre Déa e Ian. Na verdade, eles eram apaixonados um pelo outro, mas nenhum dos dois tomava uma iniciativa.
Fiz uma promessa pra mim mesma mentalmente que esse ano eu iria conseguir juntar os dois.
O sinal para o início da aula tocou e nós fomos para a nossa sala.