sexta-feira, 7 de maio de 2010

Capitulo 18 - Apresentação Parte II

Finalmente, chegou o dia da apresentação.
Mesmo as apresentações começando às 9 horas, e o meu grupo ser o terceiro a apresentar, era a minha função chegar cedo para fazer os últimos preparativos para a apresentação. Antes de sair minha mãe me desejou boa sorte.
Para a minha surpresa, quando cheguei no colégio – as 6:30 da manhã –, já tinha gente andando pra lá e pra cá. Todos muito agitados. Quando eu estava subindo as escadas para ir a sala, um garoto quase me derrubou.
- Desculpa aê! – ele disse sem olhar para trás.
Encontrei Andressa na sala de aula, que já estava cheia de materiais de apresentação dos grupos, tentando arrumar uma pilha de roupas.
- Lê meu amor! Ainda bem que você chegou! Me ajude aqui a separar as roupas de cada personagem pelo amor de Deus!
- Claro Déa! – falei indo ajudá-la.
Quando estávamos na metade das roupas, senti meu celular – que estava no bolso de trás da calça – tocar. Imediatamente atendi.
- Alô.
- Oi Lê! É o Thiago. Será que você pode descer aqui rapidinho?
- Descer? Onde você está?
- No estacionamento.
Achei estranho, mas não quis comentar.
- Tá bom, tô descendo.– guardei o celular e me dirigi à Andressa. – Déa, eu vou aqui em baixo rapidinho!
- Tá bom! Mas não demora!
Desci as escadas correndo e quando cheguei no estacionamento, tive a surpresa, havia um perfeito cavalo de madeira do tamanho de uma pessoa no estacionamento.
- E aí Lê! Gostou? – Thiago falou me assustando.
- Claro que sim! Onde vocês arranjaram isso? – perguntei maravilhada.
- Agente que fez! – Fernando disse.
- Mentira né?! – perguntei desconfiada.
- É, mentira, agente encomendou. – Thiago confessou.
- Encomendou? E se encomenda isso? – perguntei.
- Letícia minha linda, no mundo dos negócios, se tem muitos contatos. – Thiago disse galantemente.
- Tudo bem, - falei - agora arranjem uma forma de colocar isso dentro da escola. Aliás, cadê o Cristiano?
- Ele tá dando conta das outras coisas do cenário. – Fernando disse.
- Hum... tudo bem, por favor, agilizem ainda temos que nos arrumar! – falei.
- O quê? Já! – Cristiano falou chegando sorrateiramente atrás de mim. Dessa vez eu quase gritei de susto.
- Que droga! Vocês adoram me dar sustos né! – falei indignada.
- Foi mal! – Cristiano se desculpou.
Revirei meus olhos.
- Tudo bem, que bom que você chegou. Cadê o resto do cenário?
- Ah, tá no carro do meu pai.
- Ótimo, coloquem tudo pra dentro, tenho que subir agora. Por favor, não demorem! – falei já entrando correndo na escola.
Subi rapidamente as escadas e quando eu fiz uma curva esbarrei em alguém.
- Desculpa! - falei lá do chão.
- De novo? – instantaneamente reconheci a voz. – Eu já te desculpei se lembra?
- Ah, oi Josh! – falei emburrada. Por que nesse raio de mundo, que tinha tantas pessoas, eu tinha que esbarrar logo com o Josh. De novo.
- Oi Letícia. Quer ajuda? – ele disse sorrindo.
- Não precisa! Muito obrigada! – falei levantando imediatamente.
- Na verdade, eu estava indo te procurar. A Déa está desesperada.
- O quê? Que foi que aconteceu? – perguntei alarmada.
- Ela não me disse. – ele deu de ombros - Só sei que ela ficou assim depois que recebeu uma ligação.
- Ai meu Deus... – fui correndo para sala. Entrei na sala vi a Andressa andando pra lá e pra cá. Quando ela me viu, veio correndo em minha direção.
- Lê, péssimas notícias! – ela me disse com a expressão séria.
Suspirei. Qual seria o problema da vez?
- A mãe da Eloá ligou... – ela hesitou.
- E... – a instiguei a continuar.
- Ela me disse que a Eloá caiu e quebrou a perna. Ela está no hospital agora colocando o gesso, e disse que em hipótese nenhuma vem aqui com a perna quebrada.
Respirei fundo.
- Tudo bem Déa, não teve graça. Me diz o que aconteceu de verdade.
- Eu não estou brincando Lê.
E pela expressão dela, eu vi que não estava mesmo. Naquele momento, uma coisa que era muito difícil de acontecer aconteceu, o sangue subiu a minha cabeça.
- QUE ÓTIMO! – explodi. – POR CAUSA DAQUELA IDIOTA AGENTE NÃO TEM A PERSONAGEM PRINCIPAL! QUE GAROTA NOJENTA! ERA HORA POR ACASO DELA QUEBRAR A PERNA? NÃO PODIA SER DEPOIS? QUE INFERNO!
- Lê! Calma pelo amor...
- CALMA? CALMA? QUE CALMA? – continuei a gritar – SE AGENTE NÃO APRESENTAR O TRABALHO POR CAUSA DELA... EU VOU MATAR ESSA GAROTA! AI MAIS QUE RAIVA!
Olhei em volta e percebi que todo mundo estava me olhando. Que ótimo, eu tinha perdido a cabeça em um lugar cheio de gente e ainda por cima na frente do Josh. Respirei fundo três vezes para oxigenar meu cérebro e poder pensar em uma saída. Nesse momento o Cristian entrou na sala seguido dos outros meninos do grupo.
- Oi gente! Desculpa a demora, acordei tarde... – ele olhou para a minha cara de raiva e a cara, correção, as caras assustadas das pessoas que estavam na sala. – Aconteceu alguma coisa?
Eu balancei a cabeça e fui sentar em uma cadeira. O Josh explicou tudo para o Cristian e os meninos enquanto as pessoas que estavam na sala lentamente voltavam a cuidar dos próprios trabalhos.
- Nossa! E agora? Quem vai fazer a personagem dela? – Thiago perguntou espantado.
- Não sei... – Andressa falou sentando em uma cadeira.
- Eu acho que eu sei... – Josh falou com um ar misterioso. Todos olharam para ele.
- O quê? Você vai fazer a Helena? – Fernando perguntou.
- Claro que não. – Josh revirou os olhos – Mas a Déa vai...
- O quê? Eu?
- Quem? Ela! – Cristian exclamou.
Imediatamente entendi o que o Josh estava pensando. Aquela era uma ótima oportunidade dos dois finalmente se entenderem.
Levantei da cadeira com um sorriso no rosto.
- Mas que idéia brilhante! Como eu não pensei nisso antes?
- É claro que não é uma idéia brilhante! – Andressa falou indignada colocando as mãos na cintura.
- Finalmente a patricinha falou uma frase que eu concordo. – Cristian lançou um olhar de censura para mim.
- Olha eu realmente espero que vocês não queiram me ver explodindo outra vez! – falei ameaçadoramente.
- Deus nos livre disso! – Cristiano riu.
- Fala sério, gente. O que é que tem a Déa fazer o papel da Helena? – Thiago perguntou.
- Concordo com o Thiago. – falei.
- Ah, é muito fácil para você falar Letícia! Porque você não faz o papel da Helena? – Andressa falou cruzando os braços.
A resposta saiu mais fácil do que eu imaginei.
- Porque eu já estou estressada o suficiente, porque eu quero que você faça a personagem, e porque, como líder do grupo, eu acho você a pessoa mais capacitada para fazer esse papel de extrema importância.
Todos olharam, novamente, para mim.
- Caraca, quase chorei agora Lê, sério! – Fernando falou fingindo estar emocionado.
Revirei meus olhos.
- Para mim você vai ter que ser mais convincente Lê. – Dessa vez Cristian cruzou os braços.
- Cristian, você sabe muito bem que essa é a única maneira de salvar a apresentação. E com certeza você não vai querer fazer par com um dos meninos né? – falei.
Ele suspirou.
- Tudo bem, se é para o bem de todos e felicidade geral da nação...
- Na verdade, é para a minha infelicidade! – Andressa interrompeu.
- Cale a boca sua paty! – Cristian disse olhando furiosamente para Andressa.
- Eu calo se você para de falar besteiras cabeça de alface. – Ela respondeu com uma cara sonsa.
- Escute aqui...
- Gente! – interrompi - Pelo amor de Deus. Vamos parar de discutir e nos arrumar? Daqui a pouco vão começar as apresentações, e a Andressa ainda tem que gravar as falas! Meu Deus...!
- Na verdade Lê - Andressa começou timidamente -, eu já sei todas as falas.
- O quê? – Todos do grupo falaram ao mesmo tempo.
Andressa ficou vermelha como um tomate, tomou fôlego e disse.
- É que... eu gosto de gravar falas. – o olhar dela encontrou com o meu e imediatamente ela olhou para o chão. Esse gesto era o que eu precisava para saber que ela estava mentindo, mas eu teria que resolver isso depois.
- Tudo bem então... – falei - acho que só falta dar uma passadinha no texto né. Mas antes, vamos todos nos arrumar.
Andressa se dirigiu ao canto da sala onde havia um monte roupas dobradas. Ela distribuiu as roupas de todo mundo exceto o do Cristian, que ela deixou largada em cima de uma cadeira. Ele pegou a sua roupa com um ar indignado. Andressa saiu rapidamente da sala, quando eu ia fazer o mesmo o Josh sem querer barrou minha passagem. Resolvi falar.
- Ótima ideia. – murmurei para ele.
- É, eu sei, sempre tenho boas ideias. – ele abriu um sorriso e me deixou passar.