quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Capitulo 11 - Conhecimento

Depois que todos os membros do grupo chegaram – e tomado suco que a empregada Angélica trouxe – todos sentaram em vários lugares da sala e ficaram olhando para mim. Com certeza eles estavam esperando a líder do grupo fazer alguma coisa então, resolvi começar a falar.
- Bom gente, essa reunião é para decidirmos o que vamos fazer, e também para adiantar o trabalho porque agente tá muito atrasado. Então, eu gostaria de ouvir de cada um uma sugestão, idéia ou critica etc... começando por ordem alfabética: Andressa!
- Bem, eu acho que agente podia fazer um desfile com a moda da época!
- Fala sério Andressa, a professora quer conteúdo! Quer que agente fale sobre a Guerra de Tróia. Desfile não tem conteúdo! – Cristiano falou.
- Quem disse que desfile não tem conteúdo cabeça de alface? – Andressa rebateu.
- Cabeça de alface é você!
- Gente, por favor, não vamos brigar né?! – falei – o assunto é sério, é sobre o nosso trabalho!
- Tudo bem, mas eu acho que agente deveria saber mais sobre o assunto. Sabe, eu não sei nada sobre a Guerra de Tróia, só já ouvi falar sobre Aquiles!
- É mesmo, a Eloá tá certa! Como agente pode saber o que vai fazer se agente nem conhece o assunto?
- O ideal seria se agente pesquisasse, ou tivesse algum livro sobre isso... porque que eu não pensei nisso? Agente devia ter se reunido em uma biblioteca... – falei.
- Não Lê, se agente se reunisse em uma biblioteca, íamos ser expulsos pra sempre! – Cristian falou todo sério.
- Gente, não precisa nada disso! Eu tenho uma biblioteca.
Todos olharam para o Josh.
- O quê? Você tem uma biblioteca? Onde?
- Aqui em casa ora!
- Você tem uma biblioteca dentro de casa?
- Sim.
Todo mundo ficou olhando para ele como se ele fosse um alien. Eu levei essa numa boa. Biblioteca dentro de casa, nossa normal! Eu também tinha uma biblioteca dentro da minha casa se fosse levada em consideração a quantidade de livros que eu tenho.
- Então vamos pra lá! – Cristian falou todo empolgado.
- Claro!
Todos levantaram e Josh nos guiou pela casa. Subimos dois lances de escadas, andamos por um corredor e viramos a direita. Dava pra ver que a casa tinha vários cômodos, provavelmente quartos, banheiros, e salas e mais salas...
Finalmente ficamos em frente à única porta que havia no corredor. O Josh abriu a porta e demos de cara com uma biblioteca enorme com estantes de gesso com diversas prateleiras e cheia de livros. Havia também uma grande mesa no centro da biblioteca com puffs em forma de cadeiras envolta, e quatro mesas pequenas espalhadas.
Tá bom, eu admito, isso não existe. Como é que uma pessoa pode ter uma mega biblioteca dentro de casa?!
- Bom gente ,aqui tem vários tipos de livros. – o Josh começou. – Tem um sobre a Guerra de Tróia por aqui...
Ele foi a uma das estantes e ficou procurando pelo livro.
Na verdade, ninguém prestou muita atenção no que ele falou, todos estavam ainda muito admirados com a biblioteca, observando cada detalhe dela, assim como eu.
- Achei! – Josh exclamou. – A Guerra de Tróia de Lindsay Clark.
Ele pegou o livro e jogou em cima da mesa grande.
- Tá, tudo bem, como nós vamos ler esse livro, tipo, hoje?! – Andressa perguntou.
- É mesmo, não tem como agente ler esse livro hoje!
- Agente precisa de pelo menos um resumo da história! Ninguém sabe nada? – falei.
- É gente! Nem sobre a história do cavalo lá? Cavalo de Tróia?
- Olha, eu já li esse livro, posso fazer um resumo sobre a história! – Josh falou todo empolgado.
- Pode mandar ver!
- Então, senta aí todo mundo!
Todos sentaram nos puffs em volta da mesa e o Josh começou a falar.
- Tudo começou quando Hera resolveu disputar um concurso de beleza com Atena e Afrodite, concurso este instigado por Discórdia. Zeus, não querendo se indispor com as Deusas e escolher uma, mandou-as para o Monte Ida e decidiu que Páris escolheria a mais bela. Cada uma das Deusas prometeu uma dádiva a Paris, este decidiu por Afrodite que lhe prometeu a mulher mais bela do mundo.
“Esta mulher era ninguém mais, ninguém menos que Helena, a qual Páris convenceu a fugir com ele para Tróia. Esta fuga foi mais do que suficiente para levar os Aqueus à guerra, pois tinham prometido em ocasião anterior, não só defender Helena, mas lutar por ela se necessário e protegê-la para o seu marido Menelau.”
“Menelau, marido de Helena, chamou os chefes da Grécia e exortou-os a honrar sua promessa, o que foi atendido imediatamente, menos por... Ulisses, que tentou se fazer de louco, mas foi facilmente desmascarado. E Aquiles, escondido pela Deusa Tetis, sua mãe, entre as mulheres da corte do rei Licomedes, porque a mãe dele sabia que ele estava destinado a morrer nessa guerra, mas logo, também Aquiles foi encontrado.”
O Josh parou um pouco para respirar, todos estavam prestando atenção nele, como se a vida dependesse disso. Ele começou a andar pela biblioteca.
- Os gregos se prepararam por dois anos, mas a Deusa Diana estava desgostosa, pois Agamênon havia matado um veado, bicho sagrado pra ela, como vingança a Deusa parou os ventos para que nenhum navio dos Aqueus pudesse sair do porto. Para aplacar a ira da Deusa, era necessário sacrificar uma donzela virgem e ela queria a filha do rei Agamênon, Ifigênia. No momento do sacrifício a Deusa se apiedou e no lugar de Ifigênia colocou uma vitela*, mandou a donzela para o templo de Táuris para se tornar sacerdotisa. Assim foi que a frota dos Aqueus zarpou e deu início a guerra de Tróia.
*Denominação que geralmente se dá à vaca com menos de um ano.
“O cerco sangrento durou dez anos e ocasionou a morte de muitos heróis gregos, incluindo Hector e Aquiles. A guerra foi finalmente ganha graças a brilhante tática de Odisseu. Seguindo ordens, os gregos abandonaram o local em barcos, como se tivessem sido derrotados, deixando para trás um enorme cavalo de madeira. Pensando que o cavalo era uma oferenda para os deuses, os troianos o colocaram dentro da cidade. Mas, ao anoitecer, uma equipe de guerreiros gregos saiu do interior do cavalo e abriu as portas da cidade para o exército grego que tinha voltado. Tróia foi saqueada e totalmente queimada.”
Quando ele terminou, todos continuaram olhando.
- Bom , esse é um resumão, porque tem muito mais coisas por trás da história.
- Cara ,como você sabe tudo isso? – Cristian perguntou abobalhado.
- Ah, - ele falou sem graça – eu li o livro!
- E conseguiu gravar todos esses nomes esquisitos!
- É que minha memória fotográfica é boa...
- Josh! Você é demais! – Eloá falou com os olhos brilhando.
Josh ficou vermelho como um tomate. Também, não tinha como não ficar com vergonha com uma menina tão atirada assim!
- Bom, vamos então decidir logo o que fazer do trabalho não é! – falei bruscamente.
- Vamos sim! – Andressa falou. – Minha idéia de desfile ainda tá de pé!
Todos reviraram os olhos.
- Eu acho melhor agente fazer um seminário, explicando o que aconteceu em Tróia.
- Seminário é muito chato!
- Seria bom se agente gravasse um filme...
- Com que material?
- Desfile!
Subitamente todos começaram a discutir. Realmente, se fosse em alguma outra biblioteca, nós já teríamos sido expulsos. Eu não era a tia da biblioteca, mas tinha que parar essa conversa, ainda precisávamos resolver o que fazer sobre o trabalho, e todos discutindo ao mesmo tempo não ia dar em nada.
- Galera, por favor, vamos fazer silêncio. – falei, mas ninguém me ouviu.
- Agente podia reproduzir o cenário...
- Teatro dramático!
- Por que dramático?
- Porque é uma guerra!! E guerra é triste! Dã...
- Depende...
Olhei em volta suplicante, procurando por ajuda. Meus olhos se encontraram com os dos castanhos claros do Josh. Imediatamente ele entendeu e gritou.
- GALERA! SILÊNCIO AÍ!
Na mesma hora todos fizeram silêncio.
- Letícia quer falar.
Senti vários pares de olhos se dirigirem a mim.
- Obrigada... Josh.
- Estou sempre disponível! – ele falou sorrindo.
Olhei maravilhada pelo seu sorriso por um segundo e depois pigarreei.
- Bom gente, agora nós já temos uma base sobre a Guerra de Tróia. Temos que decidir o que fazer, e sem discussão. Um por um vai falar o que acha que devemos fazer, sem bagunça, sem comentários, por favor! Vamos só ouvir o que o outro falar!
- Desfile! – Andressa persistiu.
- Seminário – Thiago, que estava sentado ao lado de Andressa, falou.
- Filme.
- Peça dramática.
- Peça também, mas não precisa ser dramática! – Cristian falou.
- Filme.
- Uma peça – Josh falou por último.
- Lê só falta você!
Eu pensei por um momento, todas as idéias eram ótimas! Se houvesse algum jeito de juntar tudo... Uma idéia se iluminou na minha cabeça.
- Bem... eu acho que uma peça, mas não simples, com uma super produção, como nos filmes, figurinos pelo menos parecidos com o da época, como em um desfile e com um narrador para explicar a história, como em um seminário!
- Letícia, você é uma gênia! Sério! Só podia ser minha melhor amiga! – Andressa falou com os olhos brilhando. – Por favor, se vocês, como eu, concordam com o que a Lê disse, levantem a mão!
Sete mãos se levantaram.
- Pronto! Decidido, vamos fazer o que a Lê disse!
Eu sorri. Já tínhamos escolhido um caminho, agora só faltava seguir por ele.
Depois de conversarmos bastante, todos resolveram que a nossa peça-seminário-desfile de moda, seria baseado no livro A Guerra de Tróia de Lindsay Clark. Eloá, por ser rápida para ler, ficou de ler o livro e escrever o roteiro com o Thiago.
- No máximo na terça-feira agente trás o roteiro pronto.
- Ah tá, só se vocês forem ninjas! – Fernando falou com desdém.
- O quê? Você está duvidando da nossa capacidade?!
- Quem? Eu? Nunca! Imagina! – ele falou com ironia.
- Gente, que horas são?
O Cristian olhou o relógio.
- Oito horas da noite...
- Mentira! Meu Deus, eu tenho um monte coisas pra fazer ainda! Tenho que ir ao shopping comprar um vestido maravilhoso que vi....
- Andressa, por favor! Fala sério! Não pode comprar amanhã? – perguntei.
- Não! Eu simplesmente tenho que comprar esse vestido hoje! E se amanhã não tiver mais? Tiver acabado?!
- Ah, então tá bom, acho que a reunião já acabou não é?
- Sim!
- Então pode ir... – comecei falando mas depois lembrei – Epa! Espera Déa! Você vai me dar carona pra casa esqueceu!
- E pra mim também, mas eu não quero ir embora... quero ficar pro jantar. – Cristian falou com carinha de triste.
- Pode ficar cara, depois eu peço pro motorista te levar pra casa! – Josh falou solidário.
- Sério?
- Claro! E se você quiser Letícia, pode ficar também...
- Obrigada Josh, mas não precisa. Eu vou com a Déa. Né Déa? – dei um olhar ameaçador pra ela, rezando pra que entendesse que era pra ela me levar pra casa.
- Claro! – ela falou quando viu meu olhar - Eu levo a Lê pra casa antes de passar no shopping. – terminou enquanto pegava o celular na bolsa.
- Então tá bom... – Josh deu de ombros.
Mais algumas pessoas também pegaram o celular pra ligar pra quem quer que fosse pegá-los enquanto voltávamos para a sala.
A mãe do Josh estava lá.
- Oi mãe! – Josh cumprimentou.
Os meninos que não a tinham visto mais cedo ficaram de boca aberta quando ele falou isso. Fiquei imaginado se quando eu, Cristian e Andressa soubemos que ela era a mãe do Josh fizemos as mesmas caras de bobos.
- Já vão meninos? Por que não ficam pra jantar?
- Eu também não sei por que eles não ficam pra jantar, eu vou ficar! Claro, se a senhora permitir! – Cristian falou como se fosse da casa.
- Mas é claro que sim! Amigo do Josh, também é meu amigo! Ele já falou muito sobre você, Andressa e – ela exitou um pouco - Letícia. Mas os outros, por que não ficam também?
- Obrigada Dona Suilan, mas nós já abusamos demais da senhora, vamos pra casa. – Andressa falou.
- Tudo bem, mas saibam que vocês são sempre bem-vindos!
Depois de meia hora de vários adjetivos de Andressa sobre como a casa do Josh era linda, e de que o trabalho ia ficar perfeito, eu cheguei em casa. Tomei um banho e desabei na cama.

Créditos:
http://pt.shvoong.com/books/mythology/1650717-guerra-tr%C3%B3ia-livro-ouro-da/
http://www.suapesquisa.com/historia/guerra_de_troia.htm


Nota: Agora só ano que vem meu povooo! ;D

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Capitulo 10 - Finalmente

Nota: Esse capitulo é meio longo!

Eu acabei percebendo que, se não fosse o Josh, eu ia realmente me atrasar para o trabalho, e a Grace ia arrancar minha pele. Cheguei em cima da hora, a Grace já estava me esperando na porta da loja.
- Finalmente bonitinha... pensei que você nem vinha mais!
- Eu cheguei na hora certa, nem atrasei!
Ela suspirou.
- Eu sei, não precisava mais vir hoje, a garota que ia acabou vindo trabalhar.
Fiquei em choque por um momento. Ela ficou me olhando como se eu tivesse algum problema psicológico e não tivesse entendido.
- Você tá bem garota? Entendeu o que eu disse?
Balancei a cabeça afirmativamente e respirei fundo pra me controlar.
- Sim, porque você não me avisou antes?
- Ah, e como eu ia te avisar?
Agora quem tinha problemas psicológicos era ela?!
- Não sei... por telefone?!
- Boa idéia! Não se preocupe, da próxima vez eu aviso por telefone. – ela falou com ironia.
Nesse momento uma chuva de insultos e acusações passou por minha cabeça. Ela tinha me feito desmarcar uma reunião de trabalho da escola, gastar dinheiro de transporte, pegar um ônibus lotado de gente, gastar a sola do meu sapato, perder o meu tempo, me esforçar para chegar no horário e ainda falava comigo como se eu que fosse a burra! Mas eu não podia falar o que se passava na minha cabeça, ela era minha chefa e se eu falasse alguma coisa, ela ia me despedir por justa causa, e eu não queria deixar meu estágio por causa dela.
Respirei fundo mais uma vez.
- Então, já estou indo. Tchau!
Saí antes que ela dissesse mais alguma coisa e eu explodisse.
Quando cheguei em casa, a primeira coisa que eu fiz foi ligar pra Andressa.
- Alô, Déa?
- Oi Lê! Não acredito que a sua chefa favorita deixou você ligar pra mim!!! – ela falou rindo no telefone.
- Há, nem me fale dessa... pessoa.
- O quê aconteceu Lê? – ela falou já séria.
- Será que você pode vir aqui em casa?
- O quê? – ela gritou do outro lado – você tá em casa?
- Pois é... a Grace disse que eu não precisava mais ter ido trabalhar hoje. E ela só me disse isso quando eu já tinha chegado lá.
- EU NÃO ACREDITO!! Aliás, acredito sim, vindo da Grace, tudo pode acontecer.
- Pois é... e eu quero falar mal dela por pelo menos umas duas horas hoje, por isso preciso de você.
- Opa! Pode contar comigo! Me espere aí amiga, em 10 minutos eu chego.
Quando Andressa chegou, nós fizemos uma tigela da pipoca e uma panela de brigadeiro, subimos para o meu quarto e ficamos falando mal da Grace e do mundo por umas 3 horas. Depois nós fizemos o dever de casa juntas – é, tem esse detalhe – e ela teve que ir embora.
Lavei os pratos e panelas sujas e fiquei acordada um pouco pensando no dia que eu tive.
Apesar da Grace, o dia tinha até sido legal. Fiquei a tarde toda comendo besteira e conversando com a Andressa. O Josh tinha me pedido desculpas, eu tinha pedido desculpas a ele, e agora nós éramos amigos. Fiquei irritada novamente quando lembrei que ele só queria que eu dissesse desculpas pra eu dar o braço a torcer. Ele é legal, lindo, fofo e inteligente, mas ainda é um idiota, só por ter feito isso!
Fiquei pensando em um jeito de me vingar, mas logo esqueci esse desejo e acabei pegando no sono.

Acordei pela manhã bem disposta e quando eu fui pra cozinha tomar café, uma surpresa.
- Mãe!
- Bom dia!
Dei um abraço nela.
- Você não vai trabalhar hoje?
- Vou sim, mas mudei meu horário, agora vou sair de casa mais tarde.
- Que bom mãe!!!!
- Não é? E mais tempo pra dormir já que eu chego tarde.
- Com certeza, mas vem cá, como foi que aconteceu isso? Seu chefe caiu, bateu com a cabeça e resolveu ficar bonzinho?
- Não, meu chefe agora é outra pessoa. O senhor Taylor, ele é uma ótima pessoa!
- Taylor... por que todo mundo que eu conheci esse ano tem nome estrangeiro?
- Sei não filha, mas o senhor Taylor não é estrangeiro não, é daqui do Brasil mesmo.
- Poxa mãe, que legal, então, boa sorte com esse novo chefe!
- Obrigada filha. Mas agora trate de tomar café pra ir pra escola senão vai se atrasar!

Quando cheguei na escola, Andressa já tinha chegado. Falamos mal mais um pouquinho da Grace até que Josh chegou seguido do Cristian.
- Bom dia meninas! – os dois falaram ao mesmo tempo.
- Bom dia meninos! - eu e Andressa falamos. Nós quatro começamos a rir e cada um sentou em seu lugar.
Na hora do intervalo, nós quatro conversamos um monte sobre várias coisas, inclusive sobre o trabalho da Guerra de Tróia.
O Josh mostrou que estava por dentro do assunto e falou um pouco sobre Paris, Helena, Menelau e Aquiles.
O sinal do final do intervalo tocou e nós fomos para a sala. Os meninos começaram a conversar sobre jogos de futebol no vídeo game e Andressa me puxou pra conversar comigo um pouco longe dos meninos.
- Então, agora você e o Josh viraram amigos finalmente?
- Como assim?
- Ah Lê, até um cego via que vocês não se davam muito bem.
- Tava assim tão na cara?
Ela olhou pra mim.
- Muito!
- Pois é, é que nós começamos o ano brigados sabe e aí nós fizemos as pazes.
- O quê? Vocês estavam brigados? Por que? Fizeram as pazes?
Opa!
- Não, agente não tava brigado de verdade, só que eu não tinha ido com a cara dele, nem ele com a minha, aí agente resolveu começar de novo, foi isso.
- Hum... mas que bom!!! Vocês são amigos agora não é? – ela perguntou sorrindo.
- É, acho que sim.
- Que fofo!! Vocês combinam sabia?
Ah tá... agora Andressa ia começar a pensar besteiras...
- Déa? Você escutou? Nós somos amigos.
- Claro que sim.... por enquanto.
-Andressa – falei em tom de aviso – não comece!
- Tá, parei.
- Ei, Lê. – Josh falou. - Quando a aula acabar, vai querer outra carona? Você tem trabalho hoje também não é?
- Não, não precisa.
Ele sorriu.
- Então tá bom.
- Letícia, que história é essa de carona? – Andressa sussurrou no meu ouvido.
- Depois Déa, a professora chegou!
E, graças a Deus, tinha chegado mesmo!

Ceguei em casa no horário normal, não tinha pegado carona com o Josh, mas acabei pegado o ônibus do horário.
No trabalho, fiz de tudo para não parecer que eu estava chateada, ou melhor, com raiva, muita raiva, da Grace por conta de ontem.
Cheguei em casa exausta e praticamente desabei na cama.

Acordei no outro dia com uma sensação estranha, mas depois de um minuto percebi que estava nervosa, finalmente era o dia da reunião do trabalho na casa do Josh.
- Lê, não se esqueça eu vou te pegar lá na sua casa as duas, não se atrase! – Andressa falou.
- Nossa, você tá pedindo um milagre! – Cristian falou rindo. Resolvi deixar essa passar.
- Déa, você fala como se você que fosse dirigir “eu vou te pegar lá na sua casa...” – falei tentando imitar a voz dela.
-É, mas o carro é meu, e o motorista dirige o meu carro, então tecnicamente sou eu que vou te buscar já que eu vou no meu carro mesmo que o motorista esteja dirigindo, logo estou certa ao dizer que eu vou te buscar porque sou eu realmente que vou te buscar já que eu também estarei dentro do carro, e vou buscar você e o Ian, então é isso, acho que estou certa. E acho que quando eu realmente aprender a dirigir vou pintar o meu carro de pink porque o preto não combina comigo.
Eu e o Cristian ficamos olhando ela de boca aberta.
- Tá, repete tudo a partir do primeiro “É” que você falou – Cristian disse.
Ela deu língua pra ele. Aparentemente ela tinha esquecido sobre o fato de eu ter pegado uma carona com o Josh, mas com certeza ela não tinha esquecido, só estava esperando uma oportunidade de desabar as perguntas em cima de mim.

Por incrível que pareça, às 13h45min eu já estava pronta e ansiosa demais pra ficar parada. Fiquei andando de um lado para o outro da casa. Até que finalmente, às duas horas e um minuto ouvi uma buzina.
- Você está atrasada. – falei entrando no Audi a3 preto dela. Ian estava sentado perto da outra janela e Andressa agora ficaria no meio.
- Eu não acredito que você está pronta!
- Peça por um milagre que ele acaba acontecendo! – falei dando uma indireta para o Cristian.
- Cheiro de indireta no ar. – ele falou fingindo que estava farejando o ar.
- Então eu vou pedir por um milagre de moda, pra você vestir roupas descentes Letícia! – Andressa falou olhando para a roupa que eu estava usando. Uma camiseta e calça jeans.
Revirei meus olhos.
- Sinto muito mais esse milagre em particular não vai acontecer. Pelo menos não do jeito que você quer, me entupindo de coisas rosas... – fingi que vomitava.
Dessa vez ela revirou os olhos.
Chegamos na casa do Josh em 20 minutos, mais rápido do que eu esperava.
- Déa, você disso que a casa dele era longe.
- E é mesmo, se agente chegou aqui em 20 minutos, imagina se tu tivesse de busu?
- É mesmo... mas porque você marcou pra me buscar tão cedo? Nós estamos muito adiantados!
- Pois é Déa – Ian me apoiou – a reunião são às 15h e ainda são 14h e 24min! Porque veio tão cedo?
- Por que eu quero ser a primeira a conhecer a casa que, pelo menos do lado de fora é linda! E enorme! – ela falou olhando para frente.
Cristian olhou e soltou um assobio.
Eu olhei também e minha boca se abriu em um grande “O”. Tudo o que Andressa tinha falado era verdade.
A casa era enorme, na verdade, a simples palavra casa não servia, era mais uma mansão. Para entrar, era preciso passar por um enorme portão preto que estava guardado por dois seguranças. A mansão era branca, tinha um aspecto meio antigo e era cercada por árvores, havia também várias janelas e na frente da mansão havia uma fonte envolta a arbustos. Sem dúvidas, era uma mansão digna de alguém muito rico.
Como se já soubessem que havia alguém do lado de fora, os portões se abriram permitindo a entrada do carro, mas depois percebi que deveria ter sido os seguranças que tinha aberto o portão.
(Foto da mansão: http://www.fotosearch.com.br/bigcomp.asp?path=CSP/CSP076/k0765692.jpg )
Quando chegamos na frente da casa, quer dizer, mansão, saímos do carro e fomos em direção a grande porta de madeira. Andressa, que estava na frente, tocou a campainha. Quase 30 segundos depois o Josh abriu. Ele estava com uma calça jeans escura, uma camiseta azul anil de botão – que estava fechada só até a metade -, descalço e com os cabelos castanhos bagunçados. Lindo demais...
- Olá pessoas... – ele olhou o relógio – vocês chegaram cedo!
- Pois é... a Déa sempre gosta de ser pontual, odeia atrasos, né Déa? – Cristian falou.
- Claro que sim... e por falar nisso, sua casa é linda, pelo menos por fora.
Ele sorriu.
- Obrigado, coisas da minha mãe... ah, podem entrar!
Nós entramos, e por incrível que pareça, a casa por dentro era mais bonita ainda do que por fora. A sala também era enorme, mas só combinava nisso com a mansão do lado de fora porque a sala não tinha objetos antigos, mas sim, muito modernos. Havia uma mega televisão de plasma, home theater, um aparelho de som de última geração, dois sofás grandes aparentemente muito confortáveis, uma mesa de centro de vidro e várias outras coisas necessárias para uma sala.
O Josh sentou em um dos sofás. Ele olhou pra mim, Cristian e Andressa, estávamos um perto do outro em pé, perto da porta. Todos com a boca aberta e encantados.
- Gente, por favor, podem ficar a vontade.
Andressa foi a primeira a se mover e sentou no sofá também. Cristian foi logo em seguida e sentou ao lado do Josh. Eu continuei parada, meio assustada e meio nervosa demais pra sentar.
- Lê, quando eu falei “gente”, me referi a você também... pode sentar. – Josh falou me olhando.
- Eu... tá!
Sentei ao lado da Andressa meio desconfortável agora, – o que não tinha nada haver com o sofá que era muito confortável - eu realmente estava me sentindo uma intrusa.
- Finalmente conhecemos a sua casa, ela é muito grande cara. Seu pai é um milionário? – Cristian perguntou.
Josh riu.
- Quase isso...
Uma mulher com os cabelos curtos de um vermelho escuro, meio magra, vestida com elegância, com cara de ter uns 30 anos e muito bonita entrou na sala.
- Olá garotos! Vocês chegaram cedo!
- Ah, gente essa é a minha mãe. Suilan.
Eu tive que olhar novamente pra ela pra ver se eu tinha olhado direito. Aquela mulher não tinha cara de ser mãe... o máximo que podia ser era tia!
- Essa é sua mãe? – Cristian perguntou por mim.
- Sim, eu sei que não parece, eu vivo dizendo que ela é linda demais pra ser minha mãe.
- E você só diz isso porque é meu filho!
- Sinto muito senhora, mas isso não é verdade. Me desculpe, mas quantos anos a senhora tem? - Andressa perguntou.
- 39. E por favor, não me chamem de senhora, podem chamar por “você”! Ou só de Suilan!
- Muito prazer Suilan, eu sou o Cristian.
- E eu Andressa!
- E essa menina linda e calada é? – ela perguntou olhando pra mim.
- Letícia... – falei fracamente.
- Ah! – seu rosto se inundou de compreensão – você é a Letícia...
- Mãe, porque não pega um suco pra gente? – o Josh cortou.
- Claro. Já estou indo. Vocês gostam de suco de laranja espero!
- Claro que sim!
A mãe do Josh sumiu por uma entrada lateral.
- Cara, sua mãe é muito linda! – Cristian falou com os olhos arregalados.
- Claro que é, e olha o respeito hein?
- Sim senhor!
Quase instantaneamente, Cristian e Andressa ficaram a vontade e os três ficaram conversando.
A mãe do Josh, Suilan, entrou na sala. Atrás dela vinha uma mulher, de meia idade, sorridente e de uniforme que estava segurando uma bandeja com quatro copos de suco, obviamente era a empregada. A mulher colocou a bandeja em cima da mesa de centro e saiu.
- Garotos, qualquer coisa eu estarei no meu escritório sim.
- Tudo bem mãe.
- Se comportem hein?!
- Ah mãe, fala sério!
A mãe do Josh lançou um olhar misterioso a mim e saiu.
Cristian foi o primeiro a pegar o suco.
- Cara, que suco delicioso!!
- Pois é, a Angélica não faz só sucos gostosos, qualquer tipo de comida que ela faz sai deliciosa! Se vocês ficarem aqui pra jantar vocês vão ver... – Josh falou pegando um copo de suco em cima da mesa.
- Quem é a Angélica? – Cristian perguntou.
- A nossa secretária do lar que acabou de sair. Adoro essa mulher, é a minha segunda mãe.
- Se é verdade o quê você tá dizendo sobre a comida, acho que eu fico sim pro jantar...
- Lê, você tá bem? – Andressa me perguntou depois que viu que os meninos estavam entretidos na conversa sobre comida.
- Claro que sim! – eu realmente tinha que parar de fazer com que as pessoas perguntassem se eu estava bem. – tô sim, é só que eu tô com sede. – rapidamente peguei um copo de suco em cima da mesa e comecei a beber.
Andressa também pegou o copo dela, mas não se deu por vencida e continuou.
- Não sei.. você parece meio desconfortável, mas eu já sei o que é.
- O quê? Você sabe?
- Claro que sim, você me disse. Você e o Josh brigaram, fizeram as pazes, mas você ainda não tá 100% certa sobre isso não é?
Era incrível a percepção que Andressa tinha. Se eu quisesse esconder o verdadeiro motivo pela briga entre mim e o Josh eu teria que tomar mais cuidado.
- Sim... é! – falei.
- É assim comigo também quando eu brigo com o Ian.
- Mas não parece que é assim com vocês...- falei, meio em dúvida.
- Eu sei... mas com você e o Josh vai ser diferente, isso vai passar e vocês vão acabar ficando juntos no final!
- Andressa, para com isso! – falei alto demais.
O Cristian e o Josh olharam pra gente ao mesmo tempo em que a companhia tocou. Os outros membros do grupo já estavam chegando.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Capitulo 9 - Carona

Quando cheguei os dois estavam sentados em uma mesa em um canto da biblioteca, Andressa lendo um livro e Cristian escutando o Ipod, e olhando feito bobo para ela. Fui em direção a eles e sentei em uma cadeira.
- Hey Lê, antes tarde do que nunca né? – Cristian me saudou. Dei língua pra ele.
- Oi Lê, deixa eu adivinhar, o ônibus atrasou não foi? – perguntou Andressa.
- Claro que sim! – respondi.
- Sorte sua que o professor não veio, você ia perder matéria!
- Pois é, eu nem tô acreditando na minha sorte nesses últimos dias... – comecei a prestar atenção no livro que Andressa estava lendo – Que livro é esse Déa?
- Ah, O Diabo Veste Prada.
- Que legal, - falei com entusiasmo demais - nunca li esse livro...
- Silêncio! – a tia da biblioteca falou. - Shshshssh...
- Não acredito... Milagre! Por isso que vai chover hoje! Há pelo menos um livro no mundo que você nunca leu!
- Cala a boca Cristian!- reclamei.
- Não me chama de... Cristian!
- Shshshsshshshs.... Vocês estão em uma biblioteca!
- Desculpa tia! – Cristian falou.
- E aí gente, como vocês acham que é a casa do Josh?
Droga! Andressa minha linda, por que você me lembrou disso?
- Ah, sei lá... ouvi dizer que ele é bem rico... – Cristian comentou.
- Eu não sei como é, e acho que nem vou saber...
- Como assim Lê?
- Eu não vou pra casa do Josh.
Por mais que eu tenha meio que “feito as pazes” com o Josh, eu ainda não podia ir à casa dele, eu não ia conseguir.
- O quê? Por que não? – Andressa gritou.
- Shshshshshsh... Já falei!
- Tá tia... – Andressa falou impacientemente.
Baixei minha voz.
- Porque a Grace pediu pra eu ir trabalhar hoje.
- Que megera! Mulher idiota! E agora?
- Shshshshshs!!
- Agora, eu não vou...
- Ah Lê, por que você não disse pra ela que tinha compromisso?
- Eu disse... – acrescentei baixinho. – acho – continuei - mas ela não me ouve né?
- Mas quando eu pegar essa mulher eu vou dar uns tapas nela...
- Shshshs... vocês estão conversando demais! Porque não conversam lá fora? Isso aqui é uma biblioteca! – a tia da biblioteca falou quase explodindo de raiva.
- Acho melhor agente sair. – Cristian falou.
Quando nós saímos da biblioteca, Cristian continuou.
- Rapaz, fiquei com medo agora, ela tava com cara de que ia cuspir fogo pela boca!
Eu e Andressa rimos.
- Então, você não vai mesmo Lê? – Andressa perguntou tristemente.
- Não, fazer o quê?
- Pois é né? Fazer o quê? – ela falou como quem aceita o que vier do destino. Andressa não era disso.
Nós fomos para a sala e alguns minutos depois o sinal tocou. O Josh entrou na sala e sentou na cadeira quando viu que eu estava olhando deu um sorriso pra mim. Olhei rapidamente pra frente.
As aulas passaram arrastando e finalmente o sinal para o intervalo tocou.
Andressa levantou e saiu.
- Ei, Ian, o quê deu nela?
- Eu não sei direito, ela disse que ia ter reunião do grupo agora...
- Reunião do grupo?
- É!
Eu e Cristian fomos para a cantina e Andressa estava sentada em uma mesa sozinha, enquanto nós nos aproximávamos da mesa, percebi que Fernando, Cristiano, Eloá, Thiago e Josh também estavam indo para a mesa em que Andressa estava sentada.
Quando chegamos, ela começou.
- Bem gente, essa é uma reunião de emergência, e eu estou com fome então vou direto ao assunto. A Lê me disse hoje mais cedo que não vai poder ir para a reunião de hoje.
Epa! O que Andressa pensa que tá fazendo?
- O quê?
- Por que?
- Porque a chefona do trabalho dela disse que ela tinha que ir trabalhar hoje...
- Que saco...
- Então que tal amanhã?
- Não, amanhã ela também trabalha, o melhor dia é na quinta-feira.
- Então tá...
- Ei espera gente! - interrompi. – Vocês não precisam mudar a data, podem fazer a reunião sem mim!
- O quê? Não Letícia, pô, você é a líder do grupo, agente não pode fazer uma reunião em que a líder não esteja presente. – Fernando falou.
- Mas, eu não me importo, com certeza não vou fazer falta...
- Você não quer ir pra casa do Josh? – Eloá perguntou.
- Nãaao, não é isso, eu... gostaria sim de ir, mas eu não quero atrasar o trabalho só por que eu não vou poder aparecer em uma reunião.
- A reunião mais importante já que nós vamos decidir, definitivamente, o que nós vamos fazer...
- Mas...
- Mas nada Letícia! – Andressa deu um basta – Quem concorda em remarcar a data da reunião levanta a mão.
Eu fechei os olhos me recusando a ver o desastre.
- Pronto! 7 contra 1! Lê, você perdeu! A reunião vai ser na quinta-feira, na casa do Josh. Tudo bem Josh?
- Claro. – ouvi ele falar, eu ainda estava com os olhos fechados.
- Bom, que bom, pode todo mundo sair agora e eu vou ali que eu tô com fome!
- Lê! Abre os olhos! – Obedeci.
Todos já tinham ido embora, só restavam eu e Cristian em pé perto da mesa.
- Tá sentindo alguma coisa? Você tá meio pálida...
- Não...
- Quer comer alguma coisa?
- Não, tô sem fome obrigada.
- Bom, eu tô com fome. Senta aí que eu já volto.
Eu sentei. Como é que pode? Quando foi que aquele pote de sorte que tinha sido despejado em cima de mim não fazia mais efeito de uma hora pra outra? Bem que às vezes minha mãe diz que quando tudo tá bom demais, é sempre bom desconfiar...
Depois de um tempo, Andressa voltou á mesa, junto com o Cristian, com uma bandeja com maçã, sanduíche natural e suco de melancia.
- Oi Lê, não vai comer?
- Não, tô sem fome! Tá ficando maluca? Por que você fez aquilo?
- Aquilo o quê?
- Você sabe muito bem o quê!
- Lê, fala sério, tá mais parecendo que você não quer ir á casa do Josh!
- Não é isso... é que o trabalho vai ficar atrasado, e por minha causa!
- Que nada.. isso agente tira de letra Lê! Com você na liderança, e eu como sua vice, tenho certeza que agente vai tirar nota máxima.
- É, espero que sim. – disse baixinho.
- Você tá sentindo alguma coisa? Tá meio pálida...
- Não, eu tô bem Déa!
Eu não tinha mais saída, quinta-feira eu ia pra casa do Josh e ponto final, eu só podia aceitar isso agora e deixar de lado a timidez, o nervosismo e a consciência pesada. Isso com certeza não ia ser fácil! Fiquei observando os dois comerem.
O sinal tocou e nós voltamos para a sala. Aula de Física. O professor Élio deu assunto novo no primeiro horário dele e, no segundo, nos saudou com uma bomba. TESTE SURPRESA!
- Ah, eu não acredito! Os testes surpresa têm que ser banidos da história da humanidade! – Andressa reclamou.
- Vamos, sem reclamar! Todos guardando os materiais e deixando somente lápis, borracha e caneta em cima da mesa!
- Pode escrever de caneta rosa?
- Claro que não Andressa! E você sabe muito bem disso!
- Tá, mas não custa perguntar!
O teste estava muito difícil, os minutos passaram, e eu só tinha conseguido resolver até a metade da 4 de 5 questões quando o sinal bateu.
Muitos alunos relutaram em entregar o teste ao professor, eu continuei fazendo conta até o momento em que ele estava arrancando o papel da minha mão, consegui terminar a questão 4. Cristian e Andressa também sofreram, os únicos que pareciam tranqüilos eram Josh e Mariana que, assim que o sinal tocou, entregaram o teste e saíram da sala.
Quando olhei o relógio no meu celular percebi que, com certeza, eu tinha perdido o ônibus. Guardei minhas coisas rapidamente, dei tchau para o Cristian e Andressa e saí.
Quando eu ia atravessar a rua para ir ao ponto, um Citroen c3 cinza parou na minha frente. A janela da porta de trás foi aberta e dei de cara com o Josh.
- Oi Letícia, quer uma carona?
O quê?
- Eu.. não precisa, obrigado.
- Vamos, eu sei que você perdeu seu ônibus...
- Não precisa.
Buzinas, olhei e havia uma fila de carros se formando atrás do de onde Josh estava.
- Letícia, acho melhor você aceitar, vai se atrasar para o trabalho e pelo jeito, a sua chefa é meio... mandona não?
- Sim, mas... não precisa. Pode ir, eu me viro.
- Por favor... – ele fez uma cara tão linda de anjo caído do céu que eu não consegui recusar.
- Tá bom, mas é só pra você não causar mais engarrafamentos!
Ele sorriu e abriu a porta.
Eu relutei um pouco mais entrei. Assim que fechei a porta, o motorista colocou o carro pra andar. Olhei o Josh e ele estava sorrindo.
- Ah, deixa eu te apresentar. Esse é o Marcelo, meu motorista.
- O-oi Marcelo! – gaguejei.
O Marcelo fez um breve aceno com a cabeça.
- Bom, pode ter certeza que você não vai se atrasar mais para o trabalho hoje.
- Ok, obrigada...
- Agora me responde uma coisa – ele falou meio sério – por que você não quer ir à minha casa?
Eu fui pega de surpresa.
- Não, não é que eu não queira...
- É sim Letícia, você não me engana. O jeito que você quase suplicou pra que não fosse mudado o dia da reunião... você não quer ir pra minha casa.
Suspirei.
- Não, não quero. – falei olhando para a janela.
- Por que? – ele falou parecendo despreocupado, despreocupado até demais.
- Porque... ah, Josh, me desculpe tá bom? – pronto falei, pensei – é que eu acho que eu já invadi demais a sua privacidade, você sabe, eu li a carta...
- Sabe, na verdade, eu quem devo pedir desculpas. – O quê? – Eu fui meio rude com você mesmo, e depois de uns dias eu pensei e vi que não tinha como você saber quem era o dono do livro se você não lesse a carta, não precisava ler ela inteira, mas foi a curiosidade, eu sei como é isso e eu não me importo, não mais, então pode parar com essa idéia boba de invasão de privacidade e desculpe novamente.
Eu só consegui ficar olhando pra ele, com a cabeça confusa. O Josh estava me pedindo desculpa e me dando explicações? Que estranho, eu realmente nunca tinha imaginado essa cena. Ele me pediu desculpas! Mas pera aí, ele disse que depois de alguns dias que ele tinha me entendido...
- Ei, se você já tinha me desculpado alguns dias depois, porque você exigiu que eu pedisse desculpa?
Ele riu.
- Por que eu percebi que você era cabeça dura, e eu queria que você desse o braço a torcer...
- Mas... seu... ai, que raiva, não acredito que você fez isso! Fala sério!
Ele continuou rindo sem parar.
- Para de rir, isso não foi engraçado! – Fiz bico.
- Há, que biquinho mais bonitinho... – Imediatamente desfiz o bico e fiquei vermelha de vergonha.
Percebi que o carro já estava parado, olhei pela janela e vi minha casa. Já tínhamos chegado?
- Bem, obrigada pela carona, eu acho...
- De nada! – ele disse sorrindo.
Abri a porta e saí do carro.
Só depois que eu já estava na porta de casa que eu tinha percebido uma coisa.
- Ei Josh...!- mas o carro já tinha ido embora.